Auto-retrato
Moacir Félix
Certa vez, numa aventura estranha
fugi
do estreito túmulo em que me estorcia
para uma ampliação sem fim.
Quando voltei
e senti, de novo, ferindo-me, o peso dos grilhões,
então não mais sabia quem eu era.
E nunca mais soube quem eu sou.
Talvez a sombra triste de um sonho de poeta.
Talvez a misteriosa alma de uma estrela
a guardar ainda no profundo cerne
a ilógica saudade de um passado astral.
[Ilustração: Max Beckmann]
Leia também um poema de António Cícero https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/12/palavra-de-poeta-antonio-cicero.html

Um comentário:
bonito e existencial, descreve o rastro do conhecimento de si que se desvanece em uma sensação fugidia. me lembrou o sentimento que temos quando sabemos que sombras foi tudo que sobrou daqueles que se foram em grandes explosões.
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