As palavras o vento leva, costuma sentenciar o nosso povo, para dizer que nem sempre o que é dito, sobretudo se apenas pronunciado e não escrito, efetivamente é feito. Na prática, compromissos assumidos seriam descumpridos facilmente, ao sabor das conveniências de cada um. Na política, então, a assertiva seria muito veraz, particularmente nos dias que correm, quando o conceito dos partidos e dos políticos em geral alcança baixa cotação na opinião pública. Mas nem sempre é assim. Com os indivíduos e com os partidos. Caso do PCdoB, por exemplo, que se esforça para levar à prática o que proclama. De viva voz e nos documentos oficiais. Em junho de 2001, quando o novo governo dava seus primeiros passos, os comunistas realizaram a 9ª Conferência Nacional, em Brasília, com o fito de atualizar a orientação partidária face o novo quadro político instaurado com a assunção de Lula à presidência da República. Tomaram partido em favor do governo, integrando o ministério e ocupando posições importantes na estrutura de poder, assinalando, contudo, que adotariam uma postura “propositiva e ao mesmo tempo crítica”. Dito e feito. Desde então, inclusive em alguns momentos críticos – e botem crise nisso! -, o PCdoB se comportou com lealdade, descortino, firmeza e independência. Foi solidário com o PT, com o governo e com o presidente, sem deixar de exigir apuração de irregularidades e punição para os envolvidos. Isto num ambiente complexo, prenhe de riscos, no qual não foram poucos os que, desnorteados, debandaram atirando para todos os lados. O próprio presidente Lula fez questão de ressaltar isso quando discursou na abertura do 11º Congresso do PCdoB, em outubro de ano passado. Tal comportamento propositivo e crítico é confirmado no presente episódio eleitoral. A Convenção Nacional Eleitoral do PCdoB, realizada dia 29 último, que decidiu pela coligação formal com o PT para o pleito presidencial, consignou num documento conclusivo uma avaliação abrangente e multilateral do governo, acentuando virtudes e defeitos, e indicou uma plataforma que aponta para o aprofundamento das mudanças em curso no país. São nove pontos, que vão de medidas destinadas a alavancar o crescimento econômico com distribuição de renda e valorização do trabalho à universalização dos direitos sociais básicos. Um bom exemplo de coerência de pensamento e de ação. (Texto da coluna semanal no Vermelho www.vermelho.org.br). |
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06 julho 2006
Dito e feito
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