25 abril 2007

Nosso artigo semanal no Blog de Jamildo (ex-Blog do JC)

VICE-PREFEITO NÃO CRÊ EM APROXIMAÇÃO COM OPOSIÇÃO
"PSDB e DEM apoiando o governo seria juntar jacaré com porco espinho", diz Luciano Siqueira

"A impossível união nacional"
Por Luciano Siqueira

Há situações em que praticamente toda uma nação se une. Diante de uma agressão externa, por exemplo. Ou de graves calamidades públicas.

As variações climáticas têm nos afetado, mas não há sequer o risco de um estado de calamidade pública de grandes proporções. Nem o Brasil é alvo de agressão por país inimigo. Então, não estão dadas as condições, nem a necessidade, de uma união nacional que envolva o conjunto da sociedade e, no plano político, junte governo e oposição.

Ao contrário, outubro ainda está muito recente. Travou-se uma renhida batalha eleitoral centrada na presidência da República quando, mormente no segundo turno, dois projetos de nação diametralmente opostos foram julgados pelo eleitorado. Venceuo presidente Lula e a ampla frente de centro-esquerda que o apóia. Perdeu o candidato Alckmin, do PSDB, que reuniu em torno de si uma forte coligação de centro-direita.

As divergências entre ambos não eram superficiais; eram e são profundas. O PSDB e o DEM (ex-PFL), embora aturdidos e ideologicamente derrotados, continuam fiéis às idéias de cunho neoliberal.

O PMDB, de centro, agregou-se quase por inteiro às hostes governistas, completando o amplo arco de apoio ao presidente Lula.

O presidente agiu corretamente ao atrair o PMDB para a coalizão governamental. Mas daí a pretender trazer também os dois grandes partidos situados ideológica e organicamente à direita vai uma diferença abissal. Nem acreditamos que o presidente alimente esse intuito.

No máximo deseja amainar o ímpeto oposicionista (sic) e, quem sabe, neutralizar um ou outro setor, quando faz afirmações, como fez ontem no programa de rádio "Café com o Presidente", tipo: "O presidente da República tem que ser uma espécie de magistrado, não pode ficar apenas governando com os seus"; ou quando recebe em palácio lideranças expressivas das oposições, como o senador Antônio Carlos Magalhães e Tasso Jereissati, ou ainda ao governador José Serra, de São Paulo.

Aliás, é o próprio presidente que esclarece: "Quando converso com o Tasso e com o senador Antônio Carlos Magalhães, converso sabendo que eles são oposição, que podem ter candidato em 2010".

PSDB e DEM apoiando o governo seria juntar jacaré com porco espinho. Seria uma "união nacional" mais do que improvável.

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