No Vermelho:
Indignação e Dolo
por Eduardo Bomfim
O pavoroso acidente aéreo ocorrido na terça-feira passada no aeroporto de Congonhas em São Paulo, com a morte de 186 passageiros e tripulantes, aumenta significativamente a responsabilidade das autoridades, pelo tráfego aéreo civil em nosso país. Não é possível, igualmente, eximir o governo federal pela incapacidade em solucionar uma crise que já perdura há meses.
Dias atrás, um outro avião da Pantanal, felizmente sem vítimas fatais, derrapou na pista do mesmo aeroporto paulista. Agora não mais se trata de controle do tráfego aéreo ou coisa que o valha. Existe uma evidente saturação de trânsito de aeronaves em alguns dos principais aeroportos do país.
No caso de Congonhas, construído em 1946, se não me falha a informação, afastado da cidade, foi engolido pelo crescimento avassalador e desordenado de São Paulo e situa-se em meio a enormes edifícios e cercados por grandes pistas de escoamento dos veículos de todas as espécies.
Há alguns anos atrás, um outro aparelho da TAM, que poderia ser de qualquer outra companhia, caiu sobre um bairro, provocando vítimas fatais e sem sobreviventes e outras tantas que moravam nesse que é um dos inúmeros bairros que circundam o sinistro aeródromo. São inúmeras as ocorrências de outros acidentes de menor monta que não são notícias na grande mídia.
Há uma pergunta que não me deixa em paz. Sabendo-se que o aeroporto internacional de Guarulhos opera em capacidade intensa, por que não utilizam o aeroporto internacional de Viracopos em Campinas, em substituição a Congonhas, bem perto da cidade de São Paulo, ligado por excelentes rodovias, acrescentando-se uma via direta de metrô ao centro da capital paulista?
A Aeronáutica, subordinada às regras de disciplina e hierarquia constitucional, não pode sair por aí dizendo o que bem entende. O que é bom para a tranqüilidade do regime democrático. Assim, dizem que existe obsolescência dos equipamentos de controle sobre as vias aéreas, operação tartaruga por parte dos controladores desses equipamentos etc. Acrescentamos à lista, a inviabilidade de aeroportos, aumento do número de aeronaves. Mas a verdade são os episódios trágicos, com perdas de centenas de vidas humanas, inclua-se à lista o desastre com a GOL em setembro passado. Milhares estão correndo risco de vida. Basta.
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