04 julho 2007

Nosso artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (ex-Blog do JC)

O renovado discurso do empresariado pernambucano

Semana passada, como fazemos com certa freqüência, estivemos na Federação das Indústrias do estado de Pernambuco (FIEPE), desta feita para a cerimônia de outorga da Medalha do Mérito Industrial aos empresários José Gualberto e Djalma Cintra e ao IMIP (Instituto Materno Infantil de Pernambuco).

Ao lado do regozijo pelo merecimento dos agraciados, prestamos muita atenção ao discurso pronunciado pelo presidente da FIEPE, Jorge Corte Real – emblemático do pensamento atual do empresariado pernambucano, polêmico e passivo de reparos em alguns aspectos, como no que concerne à flexibilização das relações de trabalho, porém progressista e renovado.

Todo discurso, mormente quando pronunciado com clareza e coerência, busca ser uma representação da realidade compreendida sob determinado ponto de vista, assim como afirmar o que se deseja agora como travessia para um futuro imaginado.

Têm mudado a realidade econômica e social e também o discurso das lideranças empresariais.

A realidade hoje é a de uma economia nacional única, não-fragmentada, desde que se completou, nos anos 70, também na esfera financeira, a integração das economias regionais periféricas e retardatárias, como a do Nordeste, à do Centro-Sul mais dinâmica e mais desenvolvida – conforme demonstram estudiosos como Tânia Bacelar e Leonardo Guimarães, dentre outros.

A partir de então já não se devia falar em “economia regional” dissociada do todo, nem em política “regional” de desenvolvimento; e sim em “economia nacional” e em “política nacional de desenvolvimento regional”, que se deseja apta a explorar as potencialidades dos pólos mais dinâmicos e a socorrer as áreas mais atrasadas.

Em conseqüência, perdeu força e função o velho discurso que pedia mais recursos para a região, isenção fiscal e outras facilidades, repetido à exaustão pelas velhas e “modernas” oligarquias.

Com efeito, o que ouvimos hoje de líderes como Jorge Corte Real é não apenas a defesa de uma reforma tributária que desonere as atividades produtivas e de mudanças na política macroeconômica, de modo a acelerar a queda das taxas de juros e a ampliação do crédito, mas também e principalmente a disposição de empreender, explorar novas oportunidades, desbravar mercados, aduzir inovação tecnológica ao sistema produtivo; de tirar proveito de vantagens competitivas nas transações internas e internacionais, tendo-se em conta os modernos fluxos de capital, tecnologia e produtos.

Além disso, o compromisso com a geração de mais postos de trabalho, com a formação e a qualificação da mão de obra e com a elevação da massa salarial.

Um discurso contemporêaneo e sintonizado com o novo ciclo de crescimento econômico que se desenha no horizonte.

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