09 novembro 2008

Os êxitos do PCdoB

No Jornal do Commercio, por Tereza Rozowykviat:
PCdoB tem a sua melhor eleição
Legenda foi a que mais cresceu, proporcionalmente, nas eleições de outubro. Aumentou número de prefeitos de 10 para 40 e de vereadores de 273 para 608
. Ninguém imaginaria, mas o partido que mais cresceu, proporcionalmente, entre 2004 e 2008, foi o PCdoB. Quase 20 anos após a queda do Muro de Berlim, a legenda quadruplicou o número de prefeitos eleitos e aumentou em 121% a quantidade de vereadores. Em números absolutos, contudo, a sigla comunista ainda ocupa um espaço pequeno no mapa eleitoral do País. Elegeu 40 prefeitos e 608 vereadores no Brasil todo. O desempenho é reflexo de um partido que não costumava ter como foco o poder adquirido nas urnas, mas, nos últimos anos, começou a despertar (e desenvolver) seu potencial eleitoral.
. Respeitado politicamente, no centro das articulações políticas, mas longe do poder. É essa realidade que o PCdoB tem sinalizado que deseja mudar, desde 2000, quando começou a disputar eleições majoritárias com mais empenho. Este ano, a agremiação teve o maior número de candidatos de sua história. Em 2004, lançou 104 postulantes a prefeito. Desta vez, concorreu em 189 cidades, um aumento de mais de 80%. Há quatro anos, a legenda conquistou 10 prefeitos, 28 vices e 273 vereadores. Agora, foram 40 prefeitos, 66 vices e 608 vereadores.
Mais que quantidade, o partido passou a disputar também com mais qualidade, mais influência no pleito. Das oito capitais em que participou da disputa majoritária de outubro, o PCdoB só conseguiu eleger o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira. Mas os demais candidatos tiveram um papel protagonista em outros municípios, como é o caso de Flávio Dino, em São Luís, Jô Moraes, em Belo Horizonte, Jandira Feghali, no Rio de Janeiro, e Manuela D’Ávila, em Porto Alegre. . “A gente tinha uma participação limitada na esfera eleitoral. A tática do partido era só disputar candidaturas proporcionais. O diretório nacional subestimava a luta eleitoral. Sempre fomos articuladores da unidade em favor dos aliados, mas, nos últimos 10 anos, a força real do partido aumentou e percebemos que estávamos defasados na questão eleitoral. Depois da autocrítica, constatamos que acumulamos potencialidade”, disse o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, que integra o Comitê Central do PCdoB.
. O presidente estadual da sigla, Alanir Cardoso, lembra que, logo após a anistia no País, os partidos começaram a se organizar, mas o PCdoB continuou clandestino até 1985, quando obteve a legalidade. “Quando o PCdoB começou a funcionar na legalidade, os outros partidos já estavam a anos se construindo. Começamos então a disputar candidaturas proporcionais, para acumular forças. Nas capitais, só agora começamos a concorrer. E foi corretíssimo ousar. Projetamos nossas principais lideranças e nos mostramos como uma alternativa viável”, analisou Alanir.
, Os fatores que justificam o crescimento do partido vão além da nova tática de lançar os quadros na disputa. Aliado de primeira hora do presidente Lula, a legenda conseguiu visibilidade ao integrar a base do governo. Também a participação em prefeituras e governos estaduais ajudou a sigla a construir uma experiência administrativa, se mostrar à população, e criar uma relação com outras agremiações. No Legislativo, a legenda também conseguiu divulgar quadros, a exemplo do ex-presidente da Câmara Aldo Rabelo – que disputou a vice-prefeitura de São Paulo –, e do próprio Flávio Dino, que chegou ao segundo turno em São Luís, mas perdeu com 44% dos votos.
. A prefeita de Olinda, Luciana Santos (PCdoB), defende que, nessa eleição, o PCdoB mostrou que, apesar de ter sua origem em 1922, é hoje um partido renovado. “O PCdoB sai dessa eleição muito maior politicamente. É um partido com cara nova, que lança novos quadros à cena política brasileira. Uma legenda que estimulou a participação de mulheres na política. Tratou a questão do gênero não só no discurso”, colocou.
. Embalados com o crescimento, os comunistas já prevêem saltos mais altos em 2010. “Qualquer que seja o desdobramento da arrumação de forças nos Estados, qualquer que sejam as negociações políticas no nosso campo de forças, o partido terá um peso muito maior para 2010. Porque o PCdoB sempre foi muito respeitado politicamente, sempre esteve no centro das tomadas de decisões pela consistência ideológica que tem, mas isso não basta. Tem que ter força. E nós demonstramos um acúmulo de forças grande nesta eleição”, contabiliza Luciana.
Luciano Siqueira concorda: “Miramos 2010 com o objetivo de disputarmos candidaturas majoritárias onde for possível. E não tenho dúvida de que, em quatro anos, o PCdoB freqüentará as mesas de negociação com maior destaque”.
Em Pernambuco, legenda mantém 4 prefeituras
. Em Pernambuco, o PCdoB concorreu na disputa majoritária em 11 municípios e elegeu quatro prefeitos, em municípios já administrados pela sigla. O resultado sinaliza para uma aprovação das gestões comunistas, somado ao desejo de continuidade que assola o País. Por outro lado, o partido não conseguiu crescimento eleitoral expressivo justo no Estado onde conquistou, em 2000, a sua primeira prefeitura – a de Olinda. O município, aliás, transformou-se em uma espécie de reduto da legenda, que vai para a terceira gestão na cidade.
. Em 2004, o PCdoB fez três prefeitos – Luciana Santos (Olinda), João Lemos (Camaragibe) e César Augusto (Sanharó) –, mas, em 2006, Henrique Fenelon se elegeu em pleito suplementar em Goiana, ampliando a representação da sigla. Agora, o partido elegeu o deputado Renildo Calheiros para substituir Luciana Santos, em Olinda, e reelegeu os prefeitos das outras três cidades.
. “Do resultado, Olinda se destaca. Não era uma reeleição. E, proporcionalmente, Renildo, no primeiro turno, obteve o maior percentual da Região Metropolitana, 56,43% dos votos”, disse Alanir Cardoso, presidente estadual do PCdoB. De acordo com ele, as urnas mostraram que o eleitor julgou politicamente as gestões comunistas e as aprovou. “O PCdoB demonstrou que além de carregar um pensamento de sociedade, sabe governar”, avalia Luciana Santos.
. Na disputa proporcional, o partido conseguiu uma ampliação significativa. Em 2004, elegeu 17 vereadores, este ano, 42. No Recife, a sigla conquistou duas cadeiras na Câmara (antes tinha apenas uma). O vice-prefeito Luciano Siqueira – que ensaiou lançar-se a prefeito, mas recuou para beneficiar a unidade – foi o proporcional mais votado entre governistas e o segundo no geral. Na rearrumação pós-eleições, o PCdoB ganhou mais uma vaga na Assembléia Legislativa. O suplente Nelson Pereira assumirá no lugar de Antônio Figueirôa (PTB), prefeito eleito de Santa Cruz do Capibaribe.

Um comentário:

Anônimo disse...

Querido Luciano,

Quero parabeniza-lo por todos os êxitos, vitórias conquistadas. E desejar-lhe um mandato êxitoso, que merecidamente o povo do Recife lhe conferiu.

Abraço na Lucy e nas meninas.