O desafio da inovação tecnológica
Luciano Siqueira
Para o Blog da Revista Algomais
Sempre foi assim – e nos dias que correm, mais do que nunca: inovação é palavra chave para quem quer progredir, diferencial irrecusável da competitividade na economia globalizada.
O Brasil encontra na crise global – econômica, financeira, sistêmica, estrutural – uma janela de oportunidade para, mercê de suas próprias potencialidades, consolidar a condição de país emergente. Porém enfrenta obstáculos de grande monta, como a política macroeconômica que insiste no câmbio sobrevalorizado e nos juros altos. Ambos fatores que atuam no sentido de reduzir a competitividade da indústria nacional, seja no comercio exterior, seja dentro de nossas fronteiras onde penetram, sem maiores empecilhos, produtos manufaturados de fora.
Além disso, também pesa, e muito, a desvantagem tecnológica. Daí vir em boa hora a iniciativa do governo federal de criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), justamente para dar maior robustez à indústria brasileira diante da forte competição com os produtos importados com elevado conteúdo tecnológico. À semelhança da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – que tem cumprido papel decisivo para que mantenhamos o status de uma agropecuária das mais avançadas do mundo -, a Embrapii será uma companhia de gestão mista, mas de capital estatal.
Inicialmente a Embrapii contará com R$ 30 milhões para financiar centros de pesquisa conveniados. A expectativa é de que dentro de um mês a nova empresa esteja criada, fruto do esforço realizado pelo Grupo de Trabalho criado através da Portaria nº 593, de 4 de agosto último, do Ministério de Ciência e Tecnologia GM/MCT.
Desse modo, nosso país entra definitivamente na briga pelo conhecimento como ativo estratégico destinado a gerar vantagens competitivas e diferenciais de mercado, numa economia mundial em que criar, desenvolver, armazenar, transferir e aplicar o conhecimento difere os mais dinâmicos dos menos dinâmicos, os mais fortes e ascendentes dos enfraquecidos e decadentes.
Mais: é preciso compreender a criação da Emprapii como parte de um conjunto de iniciativas estruturantes desencadeadas desde o governo Lula – como a formatação de uma nova política industrial – como expressão da decisão política de inserir o Brasil no concerto internacional em bases soberanas.
Isto significa uma reversão de valores e de paradigmas, a busca de um novo projeto nacional de desenvolvimento em superação do padrão de desenvolvimento dependente que predominou até o fim da chamada Era FHC.
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