Da Agência Brasil
. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) que analisou o nível de três substâncias encontradas no sangue pode ajudar a entender o processo de envelhecimento do cérebro. Ao investigar os compostos envolvidos no chamado estresse oxidativo, que desequilibra a presença de radicais livres no organismo, os pesquisadores perceberam que essa desregulação ocorre de forma mais intensa em pacientes com Alzheimer. Os resultados abrem caminho para que, no futuro, possa ser feita a identificação precoce de doenças neurodegenerativas por meio de exames de sangue.
. Eles verificaram que com o avanço da idade aumenta a presença da NOS e da Tbars e ocorre uma diminuição do GMP cíclico. "Com a doença, a gente viu que a Tbars aumenta mais ainda. Vimos uma escadinha: no envelhecimento ela sobe e com a doença de Alzheimer, sobe mais ainda. E a mesma coisa ocorre com o NOS, mostrando que são processos contínuos. Já o GMP cíclico, uma vez que ele diminui no envelhecimento, continuava diminuindo na doença", expôs Marcourakis. Esse desequilíbrio leva a uma formação maior de radicais livres.
. Com objetivo de identificar se o que foi percebido no sangue também ocorre no cérebro, a pesquisa entrou em uma segunda fase com a análise do cérebro de ratos. O trabalho foi feito em parceria com o professor Cristóforo Scavone, do Departamento de Farmacologia. "Percebemos duas coisas importantes: no envelhecimento do rato acontecia a mesma coisa que no humano e a mesma coisa que a gente achava no sangue, também encontrava no cérebro. Isso foi muito importante para validar o nosso modelo: o que você analisa no sangue, está refletido no cérebro", disse a pesquisadora.
. Marcourakis destacou que os resultados ainda não podem ser utilizados como diagnóstico de doenças neurodegenerativas, mas avançam na compreensão fisiopatológicas delas. "A gente entende melhor a doença. Veja o Alzheimer, por exemplo, ele não está só no cérebro, está no corpo inteiro, a análise do sangue mostrou isso", declarou. Para apontar o quanto esses dados ajudariam no tratamento, seria necessário ampliar o estudo com populações maiores.
. Além
disso, é preciso descobrir um marcador específico de cada doença. "O
estresse oxidativo não é exclusivo do envelhecimento, nem da doença de
Alzheimer. Qualquer doença neurodegenerativa, como o Parkinson, tem o mesmo
mecanismo", explicou. Ela destacou que vários grupos de pesquisa no Brasil
e no exterior dedicam-se a estudar diferentes substância com objetivo de
descobrir formas de identificar cada vez mais no início essas doenças.
. Apesar
de não ter cura, o diagnóstico precoce do Alzheimer possibilita que os
pacientes melhorem a qualidade de vida. "Hoje, quando você faz o
diagnóstico, já tem um índice de morte de neurônio muito grande e não tem como
reverter", explicou a pesquisadora. As medicações existentes são
compensatórias. "Elas aumentam o neurotransmissor que está faltando, mas
eles continuam morrendo e chega a um ponto que o remédio não faz mais
efeito", disse. Quanto mais cedo a doença é identificada, a medicação pode
funcionar por mais tempo. "Abre-se uma janela para que se possa atuar
mais", explicou a pesquisadora.Leia mais sobre ciência, arte, política clicando aqui http://migre.me/dUHJr
Nenhum comentário:
Postar um comentário