Luciano Siqueira
Publicado no Blog de Inaldo
Sampaio
Surge um dado novo, que vinha sendo aguardado por analistas
isentos, como contraponto às pressões pela alta dos juros em nome do combate à
inflação. Os preços declinantes dos
alimentos, no atacado e no varejo, começam a atuar como de contenção inflacionária, conforme se
verifica na primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que
passou de 0,42% para 0,03% entre abril e maio.
Constata-se a deflação nos preços dos alimentos in natura (de 7,88% para
-3,80%) no atacado, no período analisado. Isso porque, após fortes elevações no
primeiro trimestre, causadas por oferta menor originada de problemas
climáticos, os preços no segmento estão mostrando quedas e desacelerações,
beneficiados por regularização da oferta, segundo avaliação de técnicos da
Fundação Getúlio Vargas.
Boa notícia?
Sim, para a maioria dos brasileiros – que vive do próprio trabalho,
penando no dia a dia para pagar suas contas. Também para o empresariado que
aposta e depende da produção, do mercado e da estabilidade monetária.
Não é boa
notícia para os que lucram com a inflação – ou, melhor dizendo, para os que
fazem do fantasma da inflação argumento em favor do retorno à política de juros
altos e que comemoraram a vitória parcial obtida na última reunião do
Conselho de Política Monetária, que voltou a elevar a taxa Selic. Estes - do setor
rentista, principal adversário do povo brasileiro -, resistem aos esforços do
governo em favor do destravamento da economia, que inclui, dentre outras
medidas, a redução gradativa dos juros e a superação do câmbio sobrevalorizado.
Então, quando se prevê possibilidade de os alimentos no varejo
terminarem o mês em deflação, no resultado completo do Índice Geral de Preços –
Mercado (IGP-M) de maio, a turma que alardeia todos os dias que o governo
perdeu o controle da situação e que a pressão inflacionária é incontornável,
fica na espreita, torcendo contra. Porque além de instrumento de luta no campo
da macroeconomia, a questão está alçada a primeiro plano na tentativa de gerar
um ambiente econômico e social negativo no momento das eleições gerais do ano
vindouro.
O desempenho da economia é chave no desenho do futuro quadro eleitoral –
e o controle ou descontrole da inflação emerge como variável importante nesse
sentido. Daí o destaque dado à escassez do tomate, semanas atrás, em colunas
especializadas e até em charges destinadas a correr a confiança no governo.
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