Ilustração: Raul Córdula
O Livro das profeciasEduardo Bomfim, no Vermelho
Em 1997 o Senado Federal resolveu publicar um
livro sobre o que proeminentes figuras nacionais pensavam como seria o novo
milênio especialmente o século 21 e a esse esforço de futurologia denominou “O
livro das profecias”.
Entre as dezenas de personalidades brasileiras convidadas estava o destacado dirigente comunista João Amazonas que em seu texto declarou que o futuro não pode desligar-se do passado, é do exame crítico dos tempos que vão ficando para trás que surgem as indicações, às vezes precisas, das perspectivas vindouras, dos rumos históricos.
Desenvolvendo o seu ponto de vista o então presidente nacional do PCdoB alertou que o século 21 seria o cenário de uma grande batalha, que já se encontrava presente no seio da sociedade humana, entre o novo que procura abrir caminhos ao progre sso social e o velho que resiste a desaparecer utilizando-se para tanto de todos os meios, pacíficos ou violentos.
João Amazonas, experiente pensador político, disse que as massas iriam levantar-se contra esse sistema brutal mas que inicialmente iam carecer de perspectivas claras contra o neoliberalismo, seus aparatos ideológicos, como a grande mídia global.
Afirmava que no começo do século 21 haveria luzes e trevas, mais trevas que luzes, depois o quadro se inverteria e a humanidade viveria tempos de grandes esperanças.
Hoje as lutas nacionais, populares vão encontrando novas formas de resistência erguendo contrapontos à hegemonia neoliberal como o surgimento dos Brics, contra seus aparelhos militares, ideológicos, políticos ao tempo que recrudesce a crise estrutural capitalista, a violência imperial por todo o planeta.
E como a consciência política do povo brasileiro é o grande inimigo a ser derrotado pelo rentismo e o pensamento único do mercado, vem sendo imposto à sociedade algo requentado já diagnosticado como “a sociologia do desgosto com o Brasil”, um eterno olhar colonizado, dependente, o transplante mecânico de fórmulas acadêmicas vindas da Corte.
Que rejeitam o estudo, a compreensão da realidade nacional, suas várias peculiaridades regionais, riqueza cultural, onde o protagonismo do processo civilizatório brasileiro seria um grande desvio porque nega as teses importadas. Por isso, e muito mais, as “profecias” realizaram-se, a luta é mesmo gigantesca.
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