Renato Rabelo, em seu blog
O Brasil voltou a ter as taxas de juros mais altas do mundo. Esta
incômoda posição foi retomada na última reunião do COPOM realizada na última
quarta-feira (09/10) que decidiu pela manutenção do ciclo de alta para 9,5%.
O que significa isso? Significa que o Brasil vai seguindo seu cruel
destino de manutenção de um chamado “voo de galinha” caracterizado por curto
período de crescimento seguido de utilização de instrumentos de política
monetária ao combate à inflação. A macroeconomia deste voo de galinha é muito
clara: juros altos e câmbio valorizado, flutuante e determinado pelo mercado.
Se existe pressão inflacionária pela via de uma taxa de câmbio em
desvalorização, utiliza-se o remendo das taxas de juros como forma de atrair
dólares e “equilibrar” entre oferta e demanda de moeda estrangeira.
O remendo das taxas de juros também é utilizado como forma de brecar o
aumento de demanda interna por consumo e assim sucessivamente. Trata-se de um
verdadeiro círculo vicioso que esteriliza a possibilidade de projetos de médio
e longo alcance sob o acicate deste parâmetro monetário.
Existem inúmeras “explicações técnicas” para isso. Porém, existe uma
questão de poder político nisso tudo expresso na força de determinação do
sistema financeiro interno e avesso a qualquer mudança que afete seus ganhos
astronômicos. Sendo que para isso conta com uma imensa máquina midiática pronta
para defender seus interesses com um discurso de “defesa do consumidor dos
efeitos da inflação sobre o sistema de formação dos preços”. Ao menos deveriam
ter coragem de dizer o que realmente pensam sobre a situação inédita em nosso
país de quase pleno emprego e os efeitos disso sobre a inflação.
O outro lado desta política não é devidamente explicado: mais juros é
igual a menos desenvolvimento, menos empregos industriais de qualidade, menos
capacidade de financiamento de imensas obras de infraestruturas. Isso sem dizer
dos efeitos disso sobre a própria ordem social. Os efeitos de certas decisões
não se sentem no plano imediato.
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