O fio da meada nesta sexta-feira 13
Luciano Siqueira
Em qualquer esfera da vida, quando a dispersão impera e os
acontecimentos parecem conduzidos pelo desencontro e pela confusão, achar o fio
da meada é o ponto de partida para seguir em frente.
Na cena política, mais ainda - como nesse instante da vida
nacional.
Nem se completaram três meses do novo mandato da presidenta
Dilma, o ambiente se faz tumultuado.
Repetem-se, com traços atuais, episódios recorrentes em
nossa História, quando a possibilidade de mudanças de envergadura vem à tona,
tendo como alvo o governo central. As elites retrógradas, derrotadas nas urnas,
tentam subverter a ordem estabelecida.
Com Juscelino foi assim e igualmente com Jango, nos
desdobramento da crise motivada pela renúncia de Jânio Quadros.
No primeiro governo Lula, idem.
Agora, as oposições, sob o comando do “partido midiático”,
insistem na continuidade do chamado terceiro turno e elevam o tom, fomentando a
ideia do impeachment da presidenta Dilma, que sem fundamento legal e motivação
objetiva, configura golpe. Tentam inviabilizar o governo e interromper o ciclo
de mudanças iniciado em 2003.
Isto temperado pelo ódio, que reflete – como bem observa
Leonardo Boff – o inconformismo dos segmentos mais retrógrados, que influenciam
parte da “classe média” (vide o “panelaço dos de barriga cheia”), diante da
ascensão social de mais de quarenta milhões de brasileiros antes submetidos a
condições miseráveis ou de extrema pobreza.
O governo, por seu turno, carece de uma linha de conduta clara
que torne compreensível pelo povo o conjunto de medidas recém-adotadas, sobretudo
o ajuste fiscal; e reage timidamente à guerra midiática destinada a fazer crer,
forçando a barra, que a presidenta Dilma teria sido conivente com os ilícitos
revelados pela Operação Lava Jato.
Nessa quebra de braço, um elemento indispensável há de ser a
voz das ruas – via movimentos sociais – que reforce a defesa das conquistas
alcançadas e o prosseguimento das transformações em curso, para além de
interesses corporativos imediatos, que embora legítimos, não podem obscurecer a
defesa da nação e da democracia.
O embate é intenso, acirrado e de consequências neste
momento imprevisíveis.
Onde está o fio da meada?
Está na defesa do governo Dilma, eleito pela maioria dos
brasileiros em outubro e expressão concentrada da ordem constitucional.
Nas manifestações desta sexta-feira, esta é a questão
central, à qual se ajuntam o verdadeiro combate à corrupção e a defesa da
democracia.
(Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo/portal NE.10)
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