Consciência cidadã em formação
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Cerca de cinquenta por cento das ligações registradas no SAMU, no Recife, são trote.
Por quê?
Pelo mesmo motivo que se joga lixo pela janela do automóvel ou do ônibus, se danificam equipamentos públicos, se estaciona o carro em local proibido e se desperdiça papel de expediente, energia elétrica, água...
A consciência cidadã entre nós ainda é incipiente. Atrasada. Em todos os segmentos sociais: nível, de renda e de instrução formal contribuem muito pouco para atenuar o problema.
Tal como se dissemina a concepção patrimonialista em relação ao Estado, que pelo senso comum, de modo explícito ou disfarçado, há de atender desejos e conveniências do indivíduo e não da comunidade.
Cerca de cinquenta por cento das ligações registradas no SAMU, no Recife, são trote.
Por quê?
Pelo mesmo motivo que se joga lixo pela janela do automóvel ou do ônibus, se danificam equipamentos públicos, se estaciona o carro em local proibido e se desperdiça papel de expediente, energia elétrica, água...
A consciência cidadã entre nós ainda é incipiente. Atrasada. Em todos os segmentos sociais: nível, de renda e de instrução formal contribuem muito pouco para atenuar o problema.
Tal como se dissemina a concepção patrimonialista em relação ao Estado, que pelo senso comum, de modo explícito ou disfarçado, há de atender desejos e conveniências do indivíduo e não da comunidade.
Pior: o mesmo cidadão que ignora a cesta coletora e joga lixo na via pública se exalta na denúncia de que a cidade está suja!
Também o que declara suspeita sobre a lisura de concursos públicos não vacila em apelar por "um jeitinho" para que um parente seja contratado, a despeito da classificação que tenha obtido no certame.
Os canais do Recife, que beiram uma centena, consomem recursos elevados em sua manutenção. Feita a limpeza, em poucos dias estão inundados de lixo - de restos de sofá a garrafas plásticas. Obra dos moradores do entorno.
É culturalmente arraigado o
descompromisso com tudo o que é público.
Que fazer?
"A solução está na educação, prefeito", vaticina o cidadão que encontro na padaria da esquina, enquanto joga ao chão a ponta do cigarro que acabou de fumar.
Incoerência à parte, ele está certo. É na educação da meninada das escolas da rede pública municipal e privada e no esforço educativo através da propaganda institucional que pode estar a solução. Pelo menos em parte.
Mas uma consciência social avançada, que implique atitude solidária e responsável em relação ao espaço urbano, ao padrão de convivência entre as pessoas e ao bem público, reclama muito debate e certamente haverá de brotar de movimento muito mais amplo e profundo.
Que fazer?
"A solução está na educação, prefeito", vaticina o cidadão que encontro na padaria da esquina, enquanto joga ao chão a ponta do cigarro que acabou de fumar.
Incoerência à parte, ele está certo. É na educação da meninada das escolas da rede pública municipal e privada e no esforço educativo através da propaganda institucional que pode estar a solução. Pelo menos em parte.
Mas uma consciência social avançada, que implique atitude solidária e responsável em relação ao espaço urbano, ao padrão de convivência entre as pessoas e ao bem público, reclama muito debate e certamente haverá de brotar de movimento muito mais amplo e profundo.
As reformas estruturais - política, midiática, agrária, urbana, educacional, tributária -, por exemplo, que dependem da mobilização popular em nível elevado, no curso da luta e uma vez alcançadas, podem produzir, além de substancial melhoria das condições de vida materiais e espirituais da população, um salto qualitativo na relação entre o privado e o público.
Que assim seja.
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