Uma agenda imediata do governo se impõe
Walter Sorrentino, no Vermelho
A manifestação do STF sobre o rito do impeachment, as complicações de Eduardo Cunha e os impasses da oposição, a crescente manifestação em defesa da democracia e do mandato Dilma, a reforma ministerial, fazem com que o jogo fique “travado” no meio campo, ninguém arrisca o ataque nem abre a defesa. A agudeza da crise vai sendo estendida provavelmente para 2016.
O mais grave que ocorreu foi a agenda do PMDB, Ponte para o Futuro. Foi saudada pela oposição, um verdadeiro oferecimento a uma “saída” à moda ortodoxa, comprometendo as bases para a retomada do crescimento econômico de caráter nacional e popular.
Resta, então, que o governo aproveite esse tempo. Ele precisa estabelecer uma agenda nessa transição, com medidas concretas e factíveis, poucas mas decisivas para agrupar a base política e social e apresentar uma perspectiva para a economia. Será uma agenda político-administrativa e congressual, estabelecida entre o governo, as forças econômicas e o congresso.
A virada de página do ajuste fiscal é a mais urgente: mirar nas medidas passíveis de aprovação e estabelecer um roteiro para a queda dos juros e abertura de crédito popular. Ao mesmo tempo, pactuar roteiro e medidas com o Congresso e que avancem na fidelidade da base. Será essa a forma, também, de se contrapor à agenda do PMDB.
Para enfrentar a defensiva, governos só podem fazê-lo assim, com iniciativas concentradas e convergentes. A base social saberá reconhecê-las e ir à luta.
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