A real dimensão das reformas
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Em meio à multifacetada crise em que estamos mergulhados, vêm à tona os verdadeiros problemas estruturais que travam o desenvolvimento do país. Para muito além de oscilações e percalços conjunturais. E do contraditório e desgastante emaranhado de denúncias, delações premiadas e entreveros entre os chamados Três Poderes da República.
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Em meio à multifacetada crise em que estamos mergulhados, vêm à tona os verdadeiros problemas estruturais que travam o desenvolvimento do país. Para muito além de oscilações e percalços conjunturais. E do contraditório e desgastante emaranhado de denúncias, delações premiadas e entreveros entre os chamados Três Poderes da República.
O Brasil tem peso específico na geopolítica
mundial, mas abrir espaço na cena internacional para o seu próprio desenvolvimento,
afirmando-se como nação soberana e progressista, requer superar marcas
negativas que historicamente permeiam a sua trajetória.
Em que pesem índices elevados
de crescimento verificados entre os anos 30 e 80 do século passado, somos ainda
uma nação em vias de desenvolvimento, “periférica”, gerida por um Estado
conservador, sob controle dos círculos financeiros.
Temos, assim, uma economia ainda
dependente e de desenvolvimento médio, relegada a um segundo plano na divisão
internacional do trabalho imposta pelas grandes potências.
Também o atraso
civilizacional, traduzido em empecilhos à emancipação das mulheres, que esbarra
na lógica do capital e nos preconceitos de gênero.
Estamos atrasados em décadas
do desenvolvimento sustentável, do que resulta a degradação ambiental.
Sofremos gigantesca e
sofisticada pressão ideológica de valores nocivos à afirmação da soberania do
país, sustentada pelo monopólio midiático e pela indústria cultural estrangeira.
No exercício democrático, desastrosa
é a permanência de um sistema político-eleitoral tendente à fraude, à
influencia nociva do poder econômico e à distorção da vontade cidadã expressa
através do voto.
Tais obstáculos remetem a reformas
estruturais de sentido democratizante, progressistas: tributária, urbana,
agrária, urbana, do sistema educacional, dos meios de comunicação, do
Judiciário e político-eleitoral. Com
sentido democratizante, progressista.
Nada a ver com as reformas que
pontificam na agenda do governo Temer, que têm caráter regressivo, como se vê
nas reformas trabalhista e previdenciária. Nem de longe tocam nos verdadeiros
impasses dos desenvolvimento do País, mas se voltam especificamente para as necessidades
da reprodução do capital como se dá hoje, sob a égide do setor rentista.
Daí a necessária percepção de que para destravar o desenvolvimento do País não
bastará a superação do impasse político atual, concentrado na permanência ou na
continuidade do governo Temer e em saída democrática ou restritiva para a sua substituição.
A
empreitada tem dimensão estrutural e grande envergadura política.
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