Jogo de riscos
O perigo dessas eliminações são as
conclusões tendenciosas, equivocadas e absurdas
Tostão, na Folha de S. Paulo
A
partida continua. Antes da Copa, Tite planejou e treinou em dois amistosos,
contra Alemanha e Rússia, as duas formações táticas que usaria no Mundial da Rússia.
Uma,
mais ofensiva, para a primeira fase, contra seleções inferiores e retrancadas,
com Coutinho pelo centro, formando um trio, com Paulinho e Casemiro. Outra,
para as partidas eliminatórias, contra seleções mais fortes, com Paulinho,
Fernandinho e Casemiro. Coutinho passaria a jogar pela direita, e sairia
Willian.
Porém,
como Coutinho foi o
destaque da primeira fase, Tite manteve, corretamente e com o apoio
de todos, o jogador do Barcelona pelo centro, ainda mais que o México não está
entre as seleções mais fortes.
Coutinho,
que, no início, voltava para marcar, morreu fisicamente durante a competição,
como disse o jornalista Arnaldo Ribeiro. Além disso, Paulinho se preocupava
muito mais em se infiltrar e fazer gols do que em marcar. Casemiro ficou
isolado. Havia sempre um mexicano, livre, para receber a bola, na
intermediária, e passá-la para os dois atacantes, um de cada lado. O México só
não fez gols por incompetência, e, no outro dia, só se falava da maravilhosa defesa
brasileira.
Tudo
isso se repetiu contra a Bélgica, com Fernandinho também
sozinho. O treinador Martínez usou a mesma formação tática do México, com
quatro defensores, três no meio-campo e três mais adiantados (De Bruyne, pelo
centro, e Lukaku e Hazard, um de cada lado). De Bruyne,
livre, deitou e rolou.
Por
outro lado, a Bélgica marcou mal, já que os três mais adiantados não voltavam.
A Bélgica correu riscos. Deixava Marcelo livre e colocava Lukaku em suas
costas. Deu certo. O Brasil também correu riscos. Deu errado. A seleção
brasileira criou um grande número de chances de gol e só não marcou por erros
de finalizações e pela atuação do goleiro Courtois.
O
perigo dessas eliminações são as conclusões tendenciosas, equivocadas e
absurdas, como a de que Hazard é superior a Neymar, que jogou muito mal, mesmo
com facilidades para brilhar.
O
Brasil foi eliminado por causa de erros individuais e coletivos, do acaso e,
principalmente, porque a Bélgica possui quatro jogadores que estão entre os
melhores em suas posições no mundo (Courtois, De Bruyne, Hazard e Lukaku).
Temos de deixar a soberba de lado e aprender com o óbvio, que, contra grandes
seleções, as chances de vitória são iguais.
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