14 novembro 2019

A parte de cada um


Na quizumba, o acúmulo possível
Luciano Siqueira

Quando o maior líder popular da história recente do país dá sinais de que pretende cuidar de si mesmo e do seu partido, dando menor importância à aglutinação das forças de oposição; e um ex-ministro, pré-candidato à presidência da República por importante partido do campo democrático manifesta desacordos através de palavras duras e depreciativos, a quizumba está instalada.

Mais ainda, todos enxergam o próximo episódio eleitoral, no ano que vem, com razão, uma ante-sala do pleito de 2022 e buscam acumular forças agora para comparecer à mesa futuramente com as melhores cartas.

Assim, a bandeira da unidade é posta temporariamente a segundo plano e se instala quase que um salve-se quem puder.

Ocorre que sem uma convergência futura de todas as correntes comprometidas com a democracia a correlação de forças não se altera o êxito desejado tende a ser adiado.

Aos que se colocam na posição mais consequente, combinando opiniões próprias e independência política com largueza na busca da conjugação de forças necessária cabe também, conforme suas possibilidades, buscar o acúmulo possível.

No caso específico do PCdoB, além de ousar na apresentação de pré-candidaturas às prefeituras e de construir chapas próprias às câmaras municipais verdadeiramente consistentes e competitivas, cumpre dar um passo adiante na elaboração das bases de uma futura plataforma de unidade do campo oposicionista em 2020 (na hipótese de que se mantenha inalterado o calendário eleitoral).

Proposições avançadas e factíveis para as cidades agora estarão necessariamente situadas no panorama nacional e poderão alimentar de dados e intenções uma corrente de opinião destinada a cumprir um papel saliente no desdobramento da luta.

Urge, portanto, mobilizar a inteligência coletiva — quadros partidários e democratas sem partido ou de outros partidos acessíveis à construção coletiva das propostas. Isto em íntima relação com os movimentos sociais.

[Ilustração: LS]

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