Informalidade dispara e possibilidades de vagas não se confirmam
CartaCapital
Jair Bolsonaro deve assinar em 11 de novembro uma medida provisória
para estimular a criação de empregos, em uma solenidade no Palácio do Planalto
para a qual convidou cerca de 50 empresários. As propostas da MP estarão em
linha com o que o presidente diz e repete, o povo precisa decidir se quer
emprego ou quer direitos, daí que estes últimos estão ameaçados no pacote do
governo.
Instituir uma carteira de
trabalho “verde e amarela”, sem direitos, para concorrer com a azul criada por
Getulio Vargas é uma proposta de campanha de Bolsonaro e seu ministro da
Economia, Paulo Guedes. Nos bastidores, o time do ministro diz a jornalistas
calcular que a MP terá condições de gerar até 4 milhões de empregos. Cálculo
realista? Ou ufanista?
A quantidade de gente ocupada
cresceu 1,9 milhão desde novembro de 2017, de 91,9 milhões para 93,8 milhões.
Mas isso foi graças a emprego ruim, de má qualidade e salário baixo.
Há dois anos, havia 23 milhões
de pessoas trabalhando por conta própria (ambulante, engraxate, pasteleiro
etc), agora são 24,4 milhões, um recorde. Na informalidade, empregados sem
carteira, havia 11,2 milhões de brasileiros em novembro de 2017 e hoje são 11,8
milhões, também um recorde.
Isso ajuda a explicar por que o
salário das pessoas ocupadas é quase o mesmo, na casa de 2,2 mil reais mensais,
de novembro de 2017 para cá. No mercado financeiro, há analista econômico que
diz que a evolução no mercado de trabalho este ano é uma espécie de zero a
zero. As vagas que surgem são precárias, com salário capaz de no máximo
garantir a sobrevivência das pessoas, daí que, sem consumo, o PIB anda a passo
de tartaruga, na casa de 1% este ano.
E há também que simplesmente
tenha desistido de procurar emprego por achar que não vai aparecer. O chamado
desalento era de 4,2 milhões em novembro de 2017 e subiu a 4,7 milhões em
setembro passado.
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