O
Flamengo não é só um fenômeno local, mas uma equipe histórica
Tostão,
Folha de S. Paulo
Tinha de ser de virada, com dois gols em três minutos, já no fim
da partida. Flamengo e River Plate fizeram um jogo igual.
O Flamengo não é somente um fenômeno local, brasileiro. É também um fenômeno da
América do Sul e talvez do mundo, uma equipe histórica, uma referência para
todos os times brasileiros. Espero que os técnicos do Brasil tenham consciência
profissional, se reinventem e aprendam com o campeão da
América.
Parabéns aos talentosos e vibrantes jogadores do Flamengo,
incendiados por Jorge Jesus,
um técnico competente, um maluco beleza.
Neste domingo (24), o Flamengo, sem jogar, pode ser campeão
também do Brasileiro.
Os campeonatos nacionais, por pontos corridos, em turno e returno, são
festejados em todo o mundo, por serem mais lógicos e justos. Menos no Brasil. O
Grêmio e outras equipes escalaram, em vários jogos, times reservas,
prejudicando a colocação na tabela.
Neste ano, o Cruzeiro foi o único time que, pela qualidade do
elenco, deveria, neste momento, disputar uma vaga na Libertadores, em vez de
lutar contra o rebaixamento. Com os outros times, deu mais ou menos a lógica.
Um dos motivos dessa situação do Cruzeiro é a péssima
administração do clube, com alguns dirigentes acusados de corrupção. Isso gera
intranquilidade e insegurança, dentro e fora de campo. Independentemente da
partida de ontem e dos próximos jogos, o Cruzeiro necessita de uma ampla
reformulação, no time e na administração.
Fora o Flamengo, vejo pouca diferença individual entre as equipes
que estão entre as oito primeiras, como Palmeiras, São Paulo, Corinthians,
Santos, Grêmio, Inter e Athletico, o que se reflete nas posições da tabela.
Apenas o Santos está um pouco acima do previsto, graças ao trabalho de Sampaoli.
Por outro lado, há um menosprezo à qualidade dos jogadores do
Santos, para aumentar a importância de Sampaoli. O contrário ocorre com o Corinthians. Supervalorizaram o elenco, para
reforçar os erros de Carille.
No Inter, por causa do bom trabalho do técnico Odair Hellmann, o time melhorou
bastante, e, quando as coisas pioraram, colocaram a culpa no treinador, que foi
despedido. Isso acontece com frequência.
O São Paulo gastou uma fortuna com várias contratações, mas só
trouxe um jogador especial, Daniel Alves,
que, por ser veterano e ser um jogador coletivo, não mudou a performance da
equipe. No último clássico, entre Santos e São Paulo, Daniel Alves foi o
destaque.
Pato é um dos contratados famosos que não deram certo. Ele é
tratado como se fosse um jogador de grande técnica e talento, mas que não
acerta. Discordo. Falta a ele lucidez nas decisões. Faz quase sempre o que não
deve. Isso é falta de técnica e de talento. Além disso, Pato não tem uma
posição definida. Ele não é centroavante, não é um jogador pelo lado e,
raramente, atua formando uma dupla na frente, o que poderia ajudá-lo.
O Brasileiro e a Copa do Brasil se
completam. Uma competição precisa da outra. Deveriam correr juntas, com jogos
do Brasileiro somente no fim de semana e da Copa do Brasil somente no meio da
semana, alternando com a Sul-Americana, a Libertadores e
as partidas da seleção. Os estaduais deveriam ser mais curtos e servir de
preparação para as principais equipes.
Qualquer pessoa esclarecida faria um ótimo calendário atual.
Isso não ocorre porque os interesses financeiros e políticos estão à frente da
qualidade técnica e do espetáculo.
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