O nazismo no ninho bolsonarista
Portal Vermelho
O rumoroso caso da demissão do secretário
Especial da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, é apenas a
ponta de um enorme iceberg. Ao fazer apologia do nazismo, citando palavras do
marqueteiro do regime de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, ele levantou, com
razão, uma onda de indignação que atravessou oceanos e transcendeu ideologias.
Um ponto que precisa ser ressaltado, antes de tudo, é a opção do presidente Jair Bolsonaro de nomeá-lo para um cargo com status de ministro. Foi um ato regido por afinidade ideológica. Não é concebível acreditar em desconhecimento das opções do nazista, conferível, senão por palavras, por suas práticas. Alvim não era um estranho no ninho.
Outra
constatação que ajuda a entender a opção de Bolsonaro é que há, em seu próprio
ninho e arredores, gente com mentalidade que tangencia o nazifascismo.
Recentemente seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, chocou o país ao
defender a reedição da barbárie do Ato Institucional número 5 (AI-5), a
certidão de nascimento do terrorismo de Estado da ditadura militar.
O
desatino foi seguido por dois ministros de ponta do governo Bolsonaro – Paulo
Guedes (Economia) e o general Augusto Heleno (do Gabinete de Segurança
Institucional). Em nenhum dos casos houve um pronunciamento enérgico de
Bolsonaro para repelir essa ideia que insulta a memória democrática do país e
os direitos humanos básicos dos brasileiros.
Há
ainda os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub
(Educação), abertamente adeptos da ideologia extremista que norteou a ditadura
militar. Provavelmente existem mais integrantes do governo que seguem a mesma
cartilha e rezam pela mesma ladainha.
À
frente de tudo está Bolsonaro, confesso adepto dos porões da ditadura militar.
Suas reiteradas
apologias ao coronel assassino e torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra,
o facínora do DOI-Codi paulista, se somam às loas à natureza daquele regime,
com base em dados falsos e informações manipuladas, atitudes que também
interagem com o neofascismo.
O
resultado aparece em seus sistemáticos ataques à democracia, corroborados por
uma pauta entreguista e uma agenda de regressão civilizatória. Não foram poucas
as vezes que Bolsonaro vituperou contra comunistas, socialistas, sindicalistas
e ativistas sociais. Em todas elas, falou com ênfase, destilando ódio e fazendo
ameaças.
A
resposta contundente à pronúncia nazista de Alvim, contudo, foi uma
demonstração de que os valores da civilização são inegociáveis no Brasil.
Tolerância, democracia e direitos humanos são questões que conquistaram muitos
corações e mentes. A repulsa à apologia ao nazismo e a exigência de sua
imediata demissão uniram um amplo espectro de forças, um coral de vozes que se
pronunciou com energia.
Esse
fato tem enorme significado. Demonstra que é possível ampliar a defesa da
democracia. Alerta, também, democratas que ainda alimentam, equivocadamente,
ilusões sobre a natureza deste governo. Ele é produto de uma escalada da
extrema direita em âmbito mundial, uma tendência à apresentar soluções fáceis
para a difícil situação da crise mundial. Num cenário assim, a defesa da
democracia é decisiva.
[Ilustração: Charge de Alecrim]
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