Final da Libertadores mostra que futebol brasileiro melhora lentamente
Elogios de Jorge Jesus e Abel Ferreira ao
futebol nacional são bem-vindos, mas exagerados
Tostão,
Folha de S. Paulo
Todos precisam
se vacinar. Só assim se chegará à imunidade coletiva. A eficácia de 50%
da Coronavac não significa que apenas a metade dos vacinados
formará anticorpos. Dos 50% dos vacinados que poderão ser infectados, é
possível que nenhum tenha a forma moderada ou grave, o que é mais importante,
uma demonstração de que todos produzirão anticorpos.
LIBERTADORES
Palmeiras e
Santos farão a final da Libertadores, mais uma constatação de que o
futebol brasileiro tem melhorado lentamente, embora a atuação do Palmeiras na derrota por 2 a
0, em casa, para o River Plate, tenha sido horrível.
Os elogios ao
futebol brasileiro dos dois ótimos treinadores portugueses Jorge Jesus e Abel Ferreira são bem-vindos, mas exagerados,
pois envolvem outros sentimentos. O narcisista Jorge Jesus quer se valorizar
para dizer que foi o rei de um dos melhores campeonatos do mundo. Abel
Ferreira, sempre muito gentil, quis também agradar.
O Brasil tem o
campeonato nacional mais equilibrado do mundo, o que não significa que tenha
qualidade próxima aos melhores da Europa. É também muito mais fácil para um
jogador brilhar no Brasil do que em qualquer time europeu, o que não significa
que um ou outro não mereça ser convocado ou experimentado. O goleiro Weverton,
merecidamente, já está na seleção.
A
superioridade do River Plate sobre o Palmeiras, em São Paulo, foi muito maior
que a do Palmeiras sobre o River Plate, na Argentina. Já o Santos foi
melhor que o Boca Juniors nas duas partidas, especialmente na
Vila Belmiro. O Santos, além da qualidade individual e coletiva, transborda de
emoção em campo. Repito, Marinho ensaiou, sem conseguir, em vários outros times
brasileiros, o que faz hoje no Santos. No Cruzeiro, era bastante vaiado.
A vitória do
Palmeiras, por 3 a 0, na Argentina, e a derrota por 2 a 0, em casa, reforçam as
opiniões de que, sem público, não há mais vantagem em atuar em casa. Não é
tanto assim. Cuca percebeu
que tinha de aproveitar o fator Vila Belmiro e foi para cima do Boca. Além
disso, sabia que o empate com gols favorecia a equipe argentina. Outros
técnicos brasileiros jogariam com excesso de cuidado e respeito (medo) contra o
famoso Boca Juniors.
Os técnicos
brasileiros estão mais ousados. Cuca sempre foi. Parafraseando João Guimarães
Rosa, o que a vida quer da gente é conhecimento, lucidez e coragem.
FAZER DIFERENTE
Luxemburgo
assumiu o comando do Vasco e, imediatamente, trocou Talles Magno de posição. Em
vez de escalá-lo pela esquerda, como um ponta, atacando e defendendo, colado à
lateral, como fazia o técnico português Ricardo Sá Pinto, Luxemburgo colocou
Talles para jogar da esquerda para o centro, sem fazer parte da linha de
marcação no meio-campo, com liberdade para driblar e tentar as jogadas
individuais perto da área. É outro jogador.
Isso me faz
lembrar dos meus 15 anos, no juvenil do América. O técnico Biju, que nunca
tinha chutado uma bola, me disse: “Se quiser ser um ótimo jogador, treine muito
e tente fazer coisas diferentes, o que os outros não sabem”.
FUTURO
Está
praticamente certo, embora alguns ainda acreditem em um grande milagre, que o Cruzeiro vai disputar
novamente a Série B. Quando terminar, saberemos se os seis pontos
negativos com que começou a competição, por causa da punição da Fifa, foram
decisivos. O Cruzeiro terá de começar a trabalhar para melhorar a equipe e a
situação financeira. Será muito difícil.
[Ilustração: Aldemir Martins]
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