Bolsonaro não quer apoio, quer adesão
Thiago Modenesi, portal Vermelho
A vitória na Câmara e no Senado parecia ser o ponto alto da tática bolsonarista para montar uma ampla base de apoio e solidificar sua frente ampla para governar, além de esfacelar a oposição. Mas isso é uma conclusão apressada e pontual, não reflete a realidade em movimento, dialética e complexa.
Bolsonaro não está em busca simplesmente de apoios, de compor frente, não consegue governar e estabelecer alianças amplas, é contra sua natureza, e também contra a natureza de governantes totalitários, populistas e fascistas.
A pérola que demonstra como opera o bolsonarismo foi a nomeação do deputado João Roma para o Ministério das Cidades, ali não se deu uma aliança, e sim mais uma cooptação do presidente, como constatado claramente por ACM Neto que prometeu retaliações ao novo ministro e que o DEM não iria formalmente compor a base. E lá se vai a ideia de ter o DEM no governo… Na verdade, Bolsonaro está em busca de desmontar o DEM e o PSDB, fracioná-los e enfraquecê-los, não de uma composição democrática apoiada na pluralidade de legendas que se juntam em torno de um projeto de nação.
Trabalha diuturnamente para destruir possíveis adversários, absorver em suas fileiras novos seguidores e causar o máximo de confusão no campo daqueles que poderiam se somar a oposição ao fascismo tupiniquim. Para isso, joga nacos de poder para converter deputados e setores da direita mais pragmáticos e imediatistas, mas enfrenta um desafio: como sobreviver ao derretimento de sua popularidade, em particular devido aos erros no combate a Covid-19 e a lentidão na aquisição de doses na campanha de vacinação?
Setores mais amplos do centro e da direita enxergam isso, se articulam, ocupam espaço e tentam se apresentar como alternativa ao tresloucado presidente. Isso é bom. Quanto mais estiverem somados ao lado de cá, atirando contra o lado de lá, melhor. Há quem se preocupe, que queira atestado ideológico para compor oposição, que busque declarações de arrependimento dos setores que rompem com o bolsonarismo, que achem que frente ampla é chá da tarde entre amigos…
A realidade é mais dura e complexa que isso. A derrota na Câmara mostrou apenas que a vitória era possível, parece contraditório, mas não é. Faltou unidade de todo mundo, inclusive da esquerda, mas mostrou a justeza da ideia. A defesa do Brasil, da democracia e da vida tornaram isso uma necessidade, não um chavão.
Como bem disse o
governador do Maranhão, Flávio Dino: é preciso errar muito para perder de
Bolsonaro. Pura verdade, precisamos de mais pontes, mais unidade em nosso
campo, agregar mais, para dar a volta a democracia que o Brasil precisa,
seguindo o exemplo do que ocorreu na Argentina, Bolívia, Equador. e mesmo nos
Estados Unidos. Toda força e unidade para juntar forças e derrotar Bolsonaro.
Não é fácil, mas saber onde pisamos nas
redes sociais importa para que não nos deixemos manipular mais do que o in pelo
jogo de algoritmos evitável https://bit.ly/2ZzvEJO
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