A ONÇA DA ESPERANÇA
Marcelo Mário de Melo
Entrando em corpo de onça
a Esperança no ataque
em vez de esperar o lance
pega a bola dá o saque
entoa o grito de alerta
toca corneta e atabaque.
Afia as garras e parte
removendo entulho e tralha
ferrugem mofo zinhavre
lacuna trava e falha
veste roupa de combate
arranca trapo e mortalha.
A Esperança agora
atiça o amanhecer
vai a campo e observa
o que faz esmorecer
os descaminhos nas mentes
e nos modos de fazer.
Para o sonho avançar
é preciso trilha certa
semente sã e cuidado
janela ampla e aberta
o sol da veracidade
aceno e grito de alerta.
A Esperança é uma malha
feita em ampla tecelagem
uma colcha de retalhos
de persistência e coragem
juntando peça por peça
em gesto ação e linguagem.
A onça da Esperança
depende assim desses fios
por isso ela observa
nascentes brotos pavios
o mar querendo saber
se correm certos os rios.
A força da Esperança
se constrói na pedra dura
no olho desamarrado
no combate à impostura
na peneira onde se lavam
o erro e a amargura.
Ela não é menininha
princesa em conto de fada
madame ou cortesã
inocente namorada
mas mulher experiente
subterrânea e alada.
A Esperança exigente
quer ver o ponto no nó
alicerces e estacas
a mistura a massa o pó
a ferramenta afiada
quem afia e a pedra-mó.
[Ilustração: Montez Magno]
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