Eleitores evangélicos são diferentes entre si, diz Victor Araújo
Professor e pesquisador da Universidade de Zurique
traça paralelos dos diferentes perfis, mas alerta para avanço dos pentecostais
Tatiane
Correia, Jornal GGN
A relação estabelecida entre
a religião e o voto não é necessariamente homogênea como muitos acreditam: nem
mesmo entre os evangélicos, apontados por muitos como eleitores majoritários de
Jair Bolsonaro, apresentam essa uniformidade.
Em entrevista à TV GGN 20 horas desta
sexta-feira (13/05), o cientista político Victor Araújo, pesquisador sênior e
professor da Universidade de Zurique, traça um panorama a respeito no livro “A
Religião Distrai os Pobres?”, lançado pelo selo Edições 70, da editora Almedina
Brasil.
“A ideia do livro é justamente ir contra essa ideia da
homogeneização, tentar organizar um pouco esse debate partindo do seguinte
dado: não existe o voto evangélico, existem os votos evangélicos”, diz Victor
Araújo.
Segundo o pesquisador, esse grupo apresenta bastante heterogeneidade,
e o livro mostra que existem pelo menos dois grandes grupos dentro do
eleitorado evangélico.
“O primeiro grupo, que seria
o grupo dos evangélicos tradicionais, que vem dessas igrejas batista,
presbiteriana, metodista e outras mais, e um outro grupo que seria composto
pelos evangélicos pentecostais”, diz o pesquisador.
Neste caso, esses grupos pensam de forma bem diferente entre si,
o que implica em um comportamento eleitoral igualmente diferenciado.
“Em 2018, a gente ficou com essa sensação que o eleitorado
evangélico maciçamente votou no Bolsonaro e que, por isso, todo o eleitorado
evangélico teria votado de uma única forma”, diz Araújo.
Contudo, esses grupos votam
de forma muito diferente, sendo que os evangélicos das igrejas pentecostais
tendem a ser mais conservadores, sobretudo nas dimensões de valores – “é o
perfil de eleitor que tem mais resistência a votar em partidos e em
candidaturas de esquerda”
Avanço neopentecostal deve ser acompanhado
Segundo Victor Araújo, o avanço do voto evangélico vem
acontecendo há várias eleições, e o que se viu em 2018 foi o que levou as
pessoas a acompanharem mais de perto.
“A pergunta que eu acho importante é tentar entender porque que
isso importa”, diz Araújo. “Por que importa pensar que os evangélicos
pentecostais formam um bloco que tende a rejeitar partidos de esquerda e a
principal vítima acaba sendo as eleições presidenciais, o PT”.
Enquanto os evangélicos pentecostais rejeitam votar em partidos
e em candidaturas de esquerda, o pesquisador lembra algo a ser acompanhado:
esse grupo é justamente o que mais cresce no Brasil.
“Desde o censo de 2000 os protestantes tradicionais estão
estagnados em termos de crescimento numérico, eles não crescem tanto mais
assim, e as denominações que crescem são basicamente os pentecostais e os
neopentecostais”.
Atualmente, cerca de 30 a
35% da população brasileira se considera evangélica e, dentro desse percentual,
mais ou menos 60% são os evangélicos pentecostais.
“Então, importa entender como eles votam, porque todas as
projeções indicam que por volta de 2030, 2035 o Brasil será um país
majoritariamente evangélico”, diz Araújo, lembrando que o país será um país
majoritariamente evangélico pentecostal nesse período futuro.
Veja mais sobre o assunto na entrevista completa de Victor
Araújo. Clique abaixo e confira!
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Veja: Um mais três
duas vezes no apoio a Lula https://bit.ly/3LcXQYD
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