A vida algoritmizada
Luciano Siqueira
Li apenas o lide. Não tenho interesse nem tempo para ver o resto da matéria, mas registro a minha inquietação.
Trata-se da indicação dos melhores dias e horários de que homens solteiros devam frequentar as redes sociais — supostamente para encontrar seu par.
O sábado está em alta, a terça-feira em baixa.
Deve ser a resultante do "trabalho" dos algoritmos.
Ou, quem sabe, de algum site novo na ponta da inteligência artificial.
Do jeito que as coisas vão, se o indivíduo desejar uma programação supimpa (expressão do século passado), basta registrar suas necessidades e aspirações e a resultante de milhões de interações lhe dará exatamente qual a agenda semanal ideal nos três expedientes de cada dia.
Será?
Se ainda não é pode vir a ser, creio. É questão de tempo.
Certamente milhões de indivíduos subservientemente digitalizados topam se submeter a essa espécie de ditadura dos algoritmos.
Eu jamais!
Prefiro a angústia decorrente da dúvida sobre como bem usar o tempo diante de tantos afazeres e desejos. E em alguns momentos, comemorar os bons resultados de uma agenda bem formulada e bem cumprida; e em outros, me sentir dispersivo e inoperante.
Pois é a certeza da incompletude que impulsiona a imaginação e a criatividade dos humanos. A vontade de saber um pouco mais, entender, criar, aprimorar, fazer.
Se permitirmos que a inteligência artificial pense e realize por nós, estaremos todos condenados ao mais profundo e dependente tédio.
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2020/05/transtorno-digital.html
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