Na Bolívia e em outros países
Pareceu uma quartelada sem maiores consequências, mas na verdade a tentativa de golpe militar na Bolívia — detida pelo presidente Luis Arce — reflete uma "doença" que se espalha não apenas pelo subcontinente sul-americano, mas igualmente por outras partes do mundo.
A África por exemplo, onde em 3 anos ocorreram sete golpes de Estado.
Não que necessariamente assuma a modalidade clássica, com o envolvimento explícito e determinante das Forças Armadas.
O impeachment da presidenta Dilma, entre nós, consumou-se como um golpe parlamentar.
Na essência, a interrupção de governos de natureza progressista.
Tudo a ver com a onda de ultradireita que se espalha mundo afora, na esteira da crise sistêmica do capitalismo.
Onde a produção, a renda e a riqueza se fazem cada vez mais concentradas nas mãos de poucos e, em contrapartida, ocorre a exclusão de milhões de seres humanos apeados do processo produtivo, o sistema nada tem a oferecer.
E justamente por não oferecer nada e tão somente excluir, carece de condições de diálogo. E a democracia, mesmo na forma liberal burguesa, torna-se empecilho.
Daí ameaça latente de golpes de Estado em países envoltos em crise social e sem que forças democráticas governantes tenham reunido condições suficientes para assegurar a estabilidade política.
É o que ocorre na Bolívia.
E quase aconteceu no Brasil no fatídico 8 de janeiro.
O antídoto à ameaça antidemocrática há de ser sempre a ocorrência de governos suficientemente respaldados por forças políticas influentes e realizadores de programas que satisfaçam as necessidades de parcelas expressivas da população e gerem coesão em torno de objetivos nacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário