13 junho 2024

Palavra de poeta: Pablo Neruda

Antes

Pablo Neruda


Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas.
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

[Ilustração: Ron Hicks]

Para além da esquina https://bit.ly/3Ye45TD

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