A palavra e o gesto
Luciano
Siqueira
A palavra quando mal pronunciada, ou não bem compreendida, faz-se fonte de desencontros — já se disse muitas vezes.
O poeta Vinícius proclamou que a vida é a arte do encontro, embora haja
tanto desencontro pela vida.
Em tempo de comunicação digital — instantânea, superficial e fragmentada
— as palavras parecem valer menos.
Mesmo quando a mensagem só contém o dito, sem imagens.
As imagens, quando ausentes, parecem ser criadas conforme a imaginação
de quem lê ou ouve.
E menos importa o que se diz.
Há cerca de dois milhões de anos, nos primórdios da linguagem, tudo
valia na tentativa de dizer e de ouvir, de compreender e ser compreendido: o som, a imagem, o gesto.
Quanto desentendimento seria evitado se a interlocução valorizasse cada
detalhe na intenção de quem fala!
Quem sabe num futuro qualquer, na espiral da vida, em repetido retorno
ao ponto de partida para um novo ciclo evolutivo em patamar superior, valha a
sugestão de Chico Buarque: olhos nos olhos, quero ver o que você diz...
[Ilustração: Edward Hopper]
Leia também o poema "Guardar", de Antonio Cícero https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/10/palavra-de-poeta-antonio-cicero.html
Um comentário:
Perfeita narrativa,;já vivenciei situações em que me encontrei embaraçada, onde escrevi ou li algo que me causou o constrangimento, falta de entendimento. Excelente abordagem. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
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