Luciano Siqueira
Em agosto do ano passado, reunido em Conferência Municipal – órgão máximo de deliberação do Partido no município – o PCdoB adotou resolução política em que afirma uma postura em favor da unidade das forças que compõem a Frente Popular. Textualmente: “Considerando que o cenário das eleições de 2012 ainda está por se desenhar e importantes variáveis passarão a atuar a partir dos primeiros meses do ano vindouro, o PCdoB prioriza, nas atuais circunstâncias, a construção da unidade em torno de uma candidatura majoritária única, sem entretanto descartar nenhuma outra alternativa tática que venha a ser pactuada na Frente Popular.”
Em coerência com essa diretriz, os comunistas têm procurado contribuir para um ambiente de entendimento entre os partidos aliados, resguardando a precedência do PT na indicação de uma proposta destinada a unificar a todos. Ao mesmo tempo, acolhem como dado altamente positivo o esforço do senador Armando Monteiro em fomentar consultas mútuas entre os aliados visando a examinar também a hipótese de mais de uma candidatura da coalizão, como opção tática (em certa medida estimulada pela indefinição do PT, diretamente associada – como tem sido largamente comentado de público por lideranças petistas, entre elas o prefeito João da Costa – a contradições internas na agremiação).
De fato, o senador Armando Monteiro tem feito paciente, equilibrado e sincero movimento de diálogo, que inclui o governador Eduardo Campos e também o prefeito João da Costa e outros líderes petistas. O PCdoB tem sido igualmente consultado pelo senador, através do seu presidente municipal. Tanto que, quinta-feira passada, novo diálogo mantivemos, o senador e eu, em Brasília, passando em revista o cenário em evolução. Na ocasião o senador me fez o convite para comparecer a uma reunião prevista para esta segunda-feira, para qual estava convidando outros interlocutores, com o fim de cotejar as diversas opiniões. Admiti participar desta reunião, entendendo-a com este caráter, sem contudo deixar de antecipar uma dificuldade objetiva, difícil de contornar: com muita antecedência havia assumido compromisso de debater com dirigentes e delegados de base do Sintepe (Sindicatos dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco) o tema “Repercussões da crise global sobre a economia brasileira” – que deveria, como efetivamente acontecerá, me tomar toda a manhã, avançando pelo início da tarde. Se por acaso esse debate se concluísse a tempo, poderia ir à reunião sugerida pelo senador Armando Monteiro.
Consultas, sim; grupo de contestação ao PT, não
Ainda na quinta-feira vi-me surpreendido por notas divulgadas em blogs, atribuídas ao deputado Paulo Rubem Santiago, apontando a referida reunião como de formação de um “grupo” alternativo à unidade em torno do PT no Recife. De pronto manifestei, por telefone, ao senador Armando Monteiro o desconforto do PCdoB com essa conotação. Estávamos, como estamos, sempre abertos ao diálogo com os partidos aliados para exame de alternativas táticas, porém não nos dispúnhamos, como não nos dispomos, a integrar grupo em separado, ainda que no âmbito da Frente Popular. Isto contrariaria a própria diretriz adotada pela Conferência Municipal do nosso Partido, além de não nos parecer o melhor modo de contribuirmos para a unidade da coalizão partidária.
Essa postura, temos reiterado a todos os aliados com os quais dialogamos, incluindo o prefeito João da Costa, o senador Humberto Costa, os deputados Pedro Eugênio e João Paulo, além, obviamente, do senador Armando Monteiro.
O comportamento do senador Armando Monteiro tem sido exemplar, hábil e objetivo, em favor do diálogo amplo e desprovido de ideia preconcebida. Sobre isso não cabem dúvidas.
A contribuição atual do PCdoB
Postas essas considerações, julgamos ter esclarecido que o PCdoB NÃO integra nenhum grupo à parte no seio da Frente Popular no Recife com o fim de contestar as possibilidades de unidade em torno de uma solução que venha a ser proposta pelo PT. Admite, sim, como bem afirma a resolução política citada, discutir com todos os aliados hipóteses táticas, entre as quais a da adoção de mais de uma candidatura majoritária, desde que pactuada pelo conjunto da Frente Popular.
Demais, o PCdoB pretende contribuir para este debate oferecendo em curto prazo, aos partidos aliados, considerações relativas à atualização do programa de governo adotado pela atual gestão – em cuja feitura colaborou e a aprovou na Câmara Municipal quando traduzido na forma do PPA (Plano Plurianual) e da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). A realidade muda, necessário se faz atualizar esse programa. E para tanto temos uma contribuição a dar, irrecusável, seja pela nossa condição de participes e corresponsáveis pela atual gestão, seja pelo dever de uma presença proativa na luta pela continuidade do projeto político e administrativo iniciado em 2001.
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