Instável e perigoso
Eduardo Bomfim
Durante a década de noventa a ofensiva das idéias neoliberais no mundo foi tão avassaladora que se tinha a impressão de um massacre político, teórico e ideológico contra todos os que compunham o campo de resistência a uma hegemonia unipolar.
Na época quem era de esquerda, defensor da soberania do seu País, ou mesmo inclinado à função do Estado como responsável pelas estratégias das políticas públicas achava-se acuado diante da carga de cavalaria contra as idéias progressistas e patrióticas.
A artilharia pesada das orientações do novo liberalismo econômico global ficava por conta da mídia hegemônica mundial atuando como uma orquestra afinada com notícias, debates pretensamente científicos, promessas de uma nova era mundial sem guerras, de intercâmbios científicos, tecnológicos, comerciais e muita, mas muita paz e democracia.
Ao mesmo tempo surgiam do nada para as livrarias, universidades, e imensos espaços de propaganda, vários teóricos entre eles o até então obscuro professor de uma faculdade norte-americana, financiado pelos centros de inteligência dos EUA, Francis Fukuyama que se tornou da noite para o dia em uma celebridade com as suas teses sobre filosofia mas sobretudo na economia.
Entre as suas constatações "científicas" as mais celebradas e difundidas eram o fim da História, a vitória total das forças defensoras de um modelo baseado única e exclusivamente no livre mercado absoluto, a morte dos Estados nacionais e em consequência a extinção das fronteiras nacionais.
Com o tempo as doutrinas neoliberais, as teses de Fukuyama, foram rejeitadas pela opinião pública em decorrência de desastres econômicos em todos os Países , incontáveis privatizações criminosas de empresas estatais, massacres dos direitos trabalhistas e dezenas de guerras imperialistas em quase todos os continentes.
Hoje algumas nações emergentes vão construindo uma outra alternativa, um outro cenário geopolítico, econômico, multilateral, especialmente os BRICS.
Mas a nova ordem mundial ainda detém a iniciativa liderada pelos EUA e a Inglaterra que conduzem uma nova guerra de expansão colonialista, associados ao capital financeiro e ao complexo midiático hegemônico internacional.
E constituem uma ditadura ideológica, cultural, temática a nível global em um planeta instável, perigoso, mergulhado em profunda crise exigindo tenaz resistência dos povos e nações.
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