Luciano Siqueira
Publicado no Blog de Jamildo
(Jornal do Commercio Online)
Como se fosse o confronto entre times de futebol em
campeonato de longa duração: o que perde, e apenas resiste, alcançando um êxito
aqui outro acolá, mas não evita a tendência decrescente, dá-se ao luxo de
opinar sobre seus concorrentes mais diretos, sugerindo opções táticas. Ou seja:
já que não consegue resolver-se a si mesmo, concentra atenção em assunto dos
outros...
Assim acontece com o PSDB, pela voz de alguns dos seus
próceres mais conhecidos. Do recém-eleito prefeito de Manaus, Arthur Virgílio,
ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Deitam falação sobre como deve
proceder o PSB, liderado pelo governador Eduardo Campos, agremiação vitoriosa
em cinco capitais e importantes cidades de grande e médio porte. Os socialistas
ficaram atrás apenas do PT, que dentre a larga base de sustentação do governo
Dilma – amplamente vitoriosa no pleito – se destaca no pódio, sobretudo porque
venceu na capital de São Paulo, derrotando o tucanato.
Tudo bem que nas hostes oposicionistas ainda é o PSDB que
desponta como força mais saliente. Porém muito longe de se converter em
alternativa de poder no País, não apenas pela insuficiente força acumulada, mas
principalmente pela carência de discurso que vá além do suposto combate à
corrupção.
O mais razoável seria o partido de FHC olhar para si mesmo,
reavaliar mensagem e postura prática, definir um rumo. Incapaz de assim
proceder, dedica-se ao ofício secundário de sugerir ao PSB alternativas que
possibilitem a sonhada divisão das forças governistas, pela esquerda.
A tradição política brasileira, desde a Colônia, é marcada
por conflitos acirrados, inúmeras vezes sangrentos; e por acordos. Assim se deu
com a Independência, a Abolição, a República; na Revolução de 30 e na Redemocratização
pós-Estado Novo; e, em tempo mais recente, na superação da ditadura militar que
imperou de 1964 a 1985. Então, a construção de pontes entre forças situadas em
campos distintos sempre foi, e é, natural e mesmo benéfica. Contribui para a
transição de uma determinada ordem institucional para outra, mais avançada. Faz
parte do jogo democrático. Dispensadas, porém, ilações precipitadas ao sabor de
interesses momentâneos.
Claro que cabe aos socialistas fazerem suas escolhas. Em toda
frente partidária, como na ampla e heterogênea coalizão que dá suporte ao projeto
nacional liderado pela presidenta Dilma, ao lado da convergência de propósitos
se preservam a autonomia e a independência de cada partido. PT, PSB, PCdoB e
demais integrantes dessa frente terão que encarar, tendo em vista as eleições
gerais de 2014, a opção de permanecerem conjugados ou não. Mas daí a engolir
corda de tucano ou da grande mídia vai uma distância abissal.
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