Luciano Siqueira
Outro
dia, ao ser ungido na presidência nacional do PSDB, o senador Aécio Neves
repetiu o velho adágio: “a política é a arte de administrar o tempo”. Getúlio Vargas
fez afirmação semelhante, em diversas oportunidades, em resposta a
correligionários que lhe pressionavam a assumir determinada postura diante de
situações que lhes pareciam maduras para que o líder gaúcho desse um passo
adiante em sua trajetória rumo a poder central.
Óbvio
que a variável tempo pesa em qualquer circunstância da existência humana – na ciência,
nos negócios, no amor e principalmente na luta política. Contribui para o
amadurecimento de determinado cenário, seja quanto ao acúmulo de forças pelas
partes litigantes, seja quanto à viabilidade de certas proposições em resposta
aos desafios da realidade presente.
A digressão
serve, neste caso, para dimensionar a empreitada indigesta em que está metido o
senador mineiro, provável candidato tucano à presidência da República, assim
como as demais correntes de oposição, tendo em vista o embate presidencial de
2014.
Dados
de diferentes institutos de pesquisa, com ligeiras variações, atestam a
expressiva base de apoio da presidenta Dilma, sobretudo junto às camadas
assalariadas e mais pobres da população. Apoio resultante do progresso social
objetivamente alcançado na última década, na esteira da expansão das
oportunidades de trabalho, do emprego formal e do acesso ao mercado de consumo,
que beneficia milhões de brasileiros. O desempenho sofrível da economia em 2011 e 2012 e a recuperação lenta do início deste ano animam os oposicionistas de variados matizes na expectativa de que a situação piore e atinja a condição de vida da maioria – justamente as chamadas “classes” C, D e E (assim consideradas pelos critérios mercadológicos dos institutos de pesquisa). “Enquanto o emprego e a renda não forem afetados, a presidenta Dilma continuará forte”, reconhecem os próceres oposicionistas e analistas da grande mídia.
“E dará tempo?”, pergunta um deles, em debate radiofônico. Ou seja: as oposições precisam administrar o tempo, no sentido de que a economia fracasse e os assalariados sofram, pois só assim terão base objetiva na qual possam introduzir um discurso crítico realmente aderente na maioria do eleitorado. Por ora, o cardápio oferecido pelas oposições se circunscreve às elites e a apenas um segmento da opinião pública presumivelmente interessado. Mesmo a cantilena inflacionária, que o noticiário cuida de apresentar como fantasma hediondo, não chega aos que vivem do próprio trabalho e têm em elevada conta as melhorias obtidas desde a assunção de Lula à presidência da República e que seguem com Dilma.
Em outras palavras, na falta de uma proposta programática alternativa que corresponda às necessidades reais da Nação e do povo, os que se postam no lado contrário ao projeto político vigente esperneiam em busca de um desastre, sem o que dificilmente endurecerão o pleito presidencial, mesmo com o estardalhaço midiático a seu favor.
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