Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
Claro que não se deve tergiversar
sobre a realidade. Sobretudo os que desejam transformá-la para melhor, estes
mais do que todos devem pensar e agir “com as quatro patas fincadas na situação
concreta”, como sugeria Plekhanov.
Partindo de dados reais e raciocinando
na contramaré da torcida contra, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, tem
assinalado a recuperação da economia “em U” – ou seja, em ritmo gradual, porém constante,
e não “em V”, como vinha ocorrendo até 2010, de forma acelerada. Baseia-se no
crescimento das inversões em capital fixo, indicador seguro de reaquecimento
das atividades industriais.
Pois agora uma voz absolutamente
insuspeita, não comprometida com o governo, faz afirmações igualmente
otimistas. Precisamente o presidente
da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, para quem os
números da pesquisa “Indicadores Industriais”, relativos a abril, mostram recuperação da indústria em todos os
setores.
Segundo a pesquisa, o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci)
da indústria brasileira cresceu de 82,6% para 83% entre março e abril, com
ajuste sazonal, alcançando o maior nível desde junho de 2011, quando apresentou
o mesmo resultado. Sem esse ajuste, o índice de abril ficou em 83%. O Nuci igualmente
avançou em relação a abril de 2012, quando o uso da capacidade instalada medido
foi de 81,8%.
Mais dados: o faturamento real da indústria aumentou 5% em abril em
comparação com março, considerados os ajustes sazonais, e cresceu 17,9% em
relação a abril do ano passado; o nível de emprego dessazonalizado avançou 0,1%
em abril, na comparação com o mês anterior, e teve expansão de 1,1% versus
abril de 2012; o número de horas trabalhadas cresceu 2,9% na indústria em abril
ante março, com ajuste, e em comparação com março de 2012 houve avanço de 5,5%
em abril.
Dados positivos também para os trabalhadores, beneficiado pela ampliação
da oferta de empregos e pelo crescimento real da massa salarial na indústria,
que cresceu em 0,4% no período.
Ainda é pouco? Sim. Até porque há muito que fazer para destravar a
economia, como ajustar o câmbio e retomar a regressão da taxa básica de juros. Mas
esses dados anotados com otimismo pelo presidente da CNI reforçam as
expectativas reiteradas do presidente do BNDES. Devem ser levados em conta,
inclusive pela turma que torce contra porque está de olho nas eleições de 2014
e tem como certo que o desempenho da economia é variável importante, até
decisiva, no comportamento do eleitorado.
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