Professora, vice-presidente do Sintepe, candidata a vereadora nas eleições de 2012. Eleita presidenta do Comitê Municipal do PCdoB do Recife, no último sábado (28), Antonieta Trindade é mais uma mulher comunista a assumir um cargo em importante espaço de poder político-partidário.
Fotos: Charles Lima
Leia abaixo a entrevista.
Quais são
suas expectativas para os próximos dois anos à frente do Comitê Municipal do
PCdoB do Recife?
Antonieta
Trindade - Em
primeiro lugar é importante registrar que assumir a presidência do Comitê
Municipal é um desafio muito grande e, em especial, por substituir Luciano
Siqueira na função porque vou substituir um grande quadro partidário e a maior
liderança do partido no Recife.
Diante desse
desafio o que me dá uma certa tranquilidade é o fato de que eu tenho certeza de
que será um trabalho coletivo, pois, tanto os dirigentes eleitos como a nossa
militância no Recife já se apresentaram para contribuir e isso, para mim, é
muito importante. Até porque a minha história de vida sempre foi de fazer um
trabalho coletivamente e como eu acredito que a saída é coletiva, nessa questão
do partido a atuação desse coletivo na nossa militância é muito importante.
Nós já
começamos a discutir quais são os desafios e a nossa ideia é atuar no sentido
de fortalecer a atuação do partido na base especialmente em algumas áreas onde
nós temos uma influência razoável e inserir cada vez mais o partido na luta
política, mas também na luta de massas, na luta de ideias, no movimento
estudantil, trabalhando a estruturação partidária, a organização e a formação
porque a formação é uma questão essencial para que nós possamos cada vez mais
ter militantes preparados para travar o debate político que está na sociedade.
Então, nós
esperamos que no Recife nós possamos contribuir de forma decisiva para o
projeto eleitoral do PCdoB em 2014, para que nós possamos eleger vários
deputados estaduais, possamos reeleger Luciana Santos deputada federal e talvez
outros camaradas como deputados federais, e cada vez mais enraizar o partido
nas bases, fazer com que esse trabalho funcione, com que as bases se reúnam,
que planejem a sua atuação, juntamente com o trabalho de formação. A minha
expectativa é de que nós vamos conseguir ter um desempenho importante no
Recife.
Em relação a
maior participação da militância na vida partidária, como você avalia?
Antonieta
Trindade - Nós
pensamos que a direção eleita do Comitê Municipal do Recife, toda ela, deve ter
alguma atribuição, deve estar envolvida no trabalho do partido em determinada
área. Acho que o funcionamento das nossas organizações de base vai fazer com
que cada vez mais nós aprofundemos o sentimento de estar participando, de estar
contribuindo na ação do partido. Essa tem de ser uma ação cotidiana.
Por exemplo,
no Alto Santa Terezinha nós temos uma base que é uma base grande, que funciona,
que se reúne, então, nessa área nós temos pessoas que podem contribuir para a
formação, para o desenvolvimento e organização do partido em outros setores.
Assim, é importante nós fazermos também essa interação. Creio, que nesses dois
anos nós temos de ir construindo as tarefas que estão colocadas, envolvendo
cada vez mais o conjunto da nossa militância.
E quanto à
presença do partido no dia a dia das comunidades, interagindo com as demandas
próprias de cada lugar?
Antonieta
Trindade - Na medida
do possível, isso deve ser feito cotidianamente. Porque uma coisa é pensar como
é que nós devemos atuar na Mustardinha sem nunca ter ido lá, outra coisa é
conhecer a realidade, a realidade dos nossos quadros, de nossa militância, a
necessidade de um curso de formação naquela área. Esse é o desafio.
Antonieta
Trindade discursa na 13ª Conferência do PCdoB Recife
Você assume
a presidência do Comitê do Recife em um momento de transição, de transformação
social, de manifestações, do povo nas ruas. Como o PCdoB do Recife participa e
participará desse momento?
Antonieta
Trindade - Nós
vivemos um momento muito importante no país, no qual, desde
o governo Lula e
hoje com o governo Dilma, nós conseguimos tirar da miséria mais de um milhão de
pessoas, o salário mínimo passou de US$ 78 para US$ 320, um momento em que ,
praticamente, o índice de desemprego que era alarmante no governo de Fernando
Henrique está cada vez menor, muita gente com trabalho formal, com carteira
assinada.
Acho, que
esses avanços são importantíssimos. Entretanto, nós precisamos dar um passo
adiante, precisamos avançar mais e isso, no meu entendimento, se dá por meio da
luta organizada. O movimento espontâneo é importante, mas o movimento social
tem um papel determinante porque é um movimento organizado, que tem suas
bandeiras, e muitas das bandeiras que foram levadas às ruas são bandeiras do
movimento social já há muito tempo.
E nós temos
de pressionar para que esses avanços aconteçam. Nós temos de pressionar pelas
reformas política, urbana, do setor educacional, tributária, para que se
fortaleça o SUS porque é importante ter mais médicos, mas é importante também
ter mais postos de saúde e hospitais que funcionem, que tenham condições para
funcionar.
A pressão
popular é determinante para que esses avanços ocorram e o nosso papel no Recife
é também fortalecer a nossa presença na luta social, seja na luta sindical,
estudantil, do movimento popular, bem como fortalecer a compreensão entre a
nossa militância, os nossos amigos, de que para transformar e ir além é
necessário a mobilização popular. Então, o desafio é esse, nós avançamos, mas o
Brasil é um país de profundas desigualdades sociais, de profundas contradições,
onde é necessário ter mais ousadia para poder dar um passo adiante daquilo que
nós já realizamos.
Como você
avalia a presença feminina nas instâncias de poder partidário, que vem se
ampliando, seja com sua eleição para presidir o Comitê Municipal, seja pela
presença de mulheres comunistas na direção de entidades representativas como a
UNE, UBES, UJS-PE e UEP e na vice-presidência nacional do partido?
Antonieta
Trindade - Uma
camarada do partido do Amazonas comentou no facebook dizendo que o PCdoB não só
defende a luta das mulheres, mas pratica. E acho que é um diferencial
importante. Não é à toa que nós temos proporcionalmente a maior bancada
feminina da Câmara dos Deputados, porque as mulheres não candidatas apenas para
cumprir a cota, mas para serem eleitas. Esse é um gesto importante, uma marca
do nosso partido, a defesa da luta pela emancipação das mulheres, da introdução
das mulheres na luta política.
Creio, que,
no Recife, nós precisamos fortalecer a nossa atuação na Frente de Mulheres,
inclusive tendo uma visão mais larga. Nós temos muitas mulheres que estão
militando no PCdoB do Recife, no movimento sindical, no movimento popular, em
várias áreas. Então, nós não podemos pensar que o trabalho de mulheres se dá
apenas com as mulheres que estão no movimento feminista. Nós precisamos ter uma
visão mais larga e trabalhar o debate, a formação, nesse coletivo partidário de
mulheres, que existe, é real, para que nós possamos, inclusive, daqui a dois
anos ter mais mulheres para assumir os postos, os desafios, ou para se
apresentarem como candidatas a cargos eletivos.
Audicéa
Rodrigues
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