Para Eduardo, com emoção e leveza
Luciano Siqueira
Uma semana, a que passou, de consternação pela trágica e
prematura morte de Eduardo Campos, sob o turbilhão de sensações, lembranças e
impressões sobre o sentido da vida e da luta que travamos. Em minha memória,
instantes vividos com ele e com o avô Arraes (com quem dialoguei durante exatos
dezessete anos), fragmentos de uma trajetória do jovem que dera os primeiros
passos no movimento estudantil, caminhara arrostando os desafios da luta
institucional e agora se projetava na cena política do País. Os caminhos de
Eduardo e os caminhos de cada um de nós. Sensibilidade à flor da pele.
No domingo, a Praça da República tomada por gente de todos
os lugares, minha filha Lúcia, que todos conhecem por Neguinha, arquiteta e urbanista,
ali estava com Alexandre, seu companheiro, Pedro de 15 anos, Miguel de 8 e
Alice de apenas 1 ano. E enviou a mim e a Luci, em palavras cortantes e ao
mesmo tempo leves, esse breve depoimento – que compartilho com vocês:
“Painho e Mainha, uma das lembranças da minha infância foi
um ato em Brasília Teimosa. Só lembro que era noite e a música "daqui não
saio, daqui ninguém me tira...” Acho que isso foi tão importante que definiu a
minha vida profissional, trabalhar com as comunidades de baixa renda. Pensando nisso, quis levar o
nosso trio à Praça da República, queria que eles estivessem presentes nesse
momento. Vi pobre, rico, mendigo, crianças e idosos cúmplices de uma dor. Foram
muitos olhares e abraços. O silêncio foi interrompido pelas palavras de ordem e
força de uma comunidade ribeirinha de Recife, que chegava de barco com faixas
de agradecimento. Era o povo da Ilha de Deus, uma comunidade que mudou de vida
radicalmente depois de uma intervenção urbanística e social. Fui testemunha
dessa mudança durante três anos da minha vida, cresci pessoalmente e
profissionalmente ao lado da comunidade.
Espero que ao vivenciar esse momento os meus meninos percebam o quanto é importante lutar por um ideal coletivo, e que ainda podemos mudar o mundo. Obrigada por te me levado para Brasília Teimosa e por tudo!"
Espero que ao vivenciar esse momento os meus meninos percebam o quanto é importante lutar por um ideal coletivo, e que ainda podemos mudar o mundo. Obrigada por te me levado para Brasília Teimosa e por tudo!"
O legado do combatente que se vai se traduz de muitos modos –
sobretudo ao inspirar a descoberta, o sonho e o compromisso de vida de novos
combatentes, como Neguinha e Alexandre; e plantando a semente da Liberdade e da
Justiça Social em gerações que virão, como as de Pedro, Miguel e Alice.
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Um comentário:
Bom. Abração, estimado Luciano.
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