Um passo no combate ao racismo institucional
Luciano Siqueira
Superar preconceitos, avançar
efetivamente no combate às desigualdades, sobretudo de gênero e raça, demanda
luta prolongada que comporta todo um período histórico. Envolve a
superestrutura política e institucional e a formação de uma consciência social
avançada.
Assim tem sido a luta contra a
discriminação racial no Brasil, que tomou impulso e ganhou dimensão
institucional especialmente a partir do primeiro governo Lula, com adoção de
política pública específica e a construção de instâncias institucionais destinadas
à sua implementação.
No Recife, desde 2008, teve
início o Programa de Combate ao
Racismo Institucional, em cooperação com o PNUD – Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento e o DFID – Ministério Britânico para o Desenvolvimento
Internacional, com o propósito de enfrentar a desigualdade racial desde as suas
raízes sócio-econômicas e culturais.
Hoje, celebrando o Dia da
Consciência Negra, demos um passo adiante no sentido de redimensionar o
Programa, através de decreto assinado pelo prefeito Geraldo Julio. Além da
renovação do Grupo Gestor, o reconhecimento explícito (e o compromisso decidido
em enfrentá-las) de variáveis da persistência do racismo institucional, como a
precariedade de informações sobre o dia da relação dos órgãos públicos com os
usuários no que se refere a possíveis manifestações discriminatórias e também
nas relações de trabalho, assim como a falta de capacitação de profissionais
para lidarem com o problema.
No caso, o Grupo Gestor ora
reformulado para dar impulso ao Programa no âmbito da administração direta e
indireta, envolve dez secretarias - Administração
e Gestão de Pessoas, Cultura, Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Secretaria
de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Educação, Secretaria de Juventude
e Qualificação Profissional; Meio Ambiente e Sustentabilidade, Mulher, Saúde e Secretaria
de Segurança Urbana -, indicando interdisciplinaridade e ação integrada de
governo.
Tal como na vida e na política em geral, na gestão pública os gestos
valem mais do que as palavras – e fica sempre a obrigação de dar sequência aos
gestos praticados, condição indispensável à realização dos compromissos
assumidos. É o que ocorre neste instante, no âmbito da Prefeitura do Recife.
Compromisso reafirmado – e que terá consequência através do esforço
comum, do governo em intima interação com a sociedade e em particular com os
movimentos que pugnam pela igualdade racial.
Um comentário:
Luciano;
Ainda temos muito chão pela frente nessa área. O preconceito é muito grande, vejo isso no dia-a dia entre os alunos de medicina.
E o pior é que os próprios alunos que entraram por conta ficam constrangidos quando perguntamos a ele sobre as cotas. Procuram logo se defender que teriam entrado de qualquer forma pela nota que atingiram. Tem muito a se caminhar!!!
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