Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe sem impeachment
Luis Nassif, no GGN
O
processo de impeachment exige aprovação de 2/3 do COngresso. Já a rejeição das
contas impede a diplomação. A decisão fica com o Judiciário. Este é o golpe paraguaio.
Já entrou em operação o golpe sem impeachment, articulado pelo Ministro
do STF (Supremo Tribunal Federal) presidente do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) Antonio Dias Toffoli em conluio com seu colega Gilmar Mendes. O
desfecho será daqui a algumas semanas.
As etapas do golpe são as seguintes:
1. Na quinta-feira passada, dia 13, encerrou o mandato do Ministro
Henrique Neves no TSE. Os ministros podem ser reconduzidos uma vez ao cargo.
Presidente do TSE, Toffoli encaminhou uma lista tríplice à presidente Dilma
Rousseff. Toffoli esperava que Neves fosse reconduzido ao cargo (http://tinyurl.com/pxpzg5y).
2. Dilma estava fora do país e a recondução não foi automática.
Descontente com a não nomeação, 14 horas depois do vencimento do mandato de
Neves, Toffoli redistribuiu seus processos. Dentre milhares de processos, os
dois principais - referentes às contas de campanha de Dilma - foram
distribuídos para Gilmar Mendes. Foi o primeiro cheiro de golpe. Entre 7 juízes
do TSE, a probabilidade dos dois principais processos de Neves caírem com
Gilmar é de 2 para 100. Há todos os sinais de um arranjo montado por Toffoli.
3. O Ministério Público Eleitoral, através do Procurador Eugênio Aragão,
pronunciou-se contrário à redistribuição. Aragão invocou o artigo 16, parágrafo
8o do Regimento Interno do TSE, que determina que, em caso de vacância do
Ministro efetivo, o encaminhamento dos processos será para o Ministro
substituto da mesma classe. O prazo final para a prestação de contas será em 25
de novembro, havendo tempo para a indicação do substituto - que poderá ser o
próprio Neves. Logo, “carece a decisão ora impugnada do requisito de urgência”.
4. Gilmar alegou que já se passavam trinta dias do final do mandato de
Neves. Na verdade, Toffoli redistribuiu os processos apenas 14 horas depois de
vencer o mandato.
5. A reação de Gilmar foi determinar que sua assessoria examine as
contas do TSE e informe as diligências já requeridas nas ações de prestação de
contas. Tudo isso para dificultar o pedido de redistribuição feito por Aragão.
Com o poder de investigar as contas, Gilmar poderá se aferrar a qualquer
detalhe para impugná-las. Impugnando-as, não haverá diplomação de Dilma no dia
18 de dezembro.
O golpe final - já planejado - consistirá em trabalhar um curioso
conceito de Caixa 1. Gilmar alegará que algum financiamento oficial de
campanha, isto é Caixa 1, tem alguma relação com os recursos denunciados pela
Operação Lava Jato. Aproveitará o enorme alarido em torno da Operação para
consumar o golpe.
Toffoli foi indicado para o cargo pelo ex-presidente Lula. Até o
episódio atual, arriscava-se a passar para a história como um dos mais
despreparados Ministros do STF.
Durante a campanha, já tomara decisões polêmicas, que indicavam uma mudança
de posição suspeita. Com a operação em curso, arrisca a entrar para a
história de maneira mais depreciativa ainda. A história o colocará em uma
galeria ao lado de notórios similares, como o Cabo Anselmo e Joaquim Silvério
dos Reis.
Ontem, em jantar em homenagem ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski,
o ex-governador paulista Cláudio Lembo se dizia espantado com um discurso de
Toffoli, durante o dia, no qual fizera elogios ao golpe de 64.
Se houver alguma ilegalidade na prestação de contas, que se cumpra a
lei. A questão é que a operação armada por Toffoli e Gilmar está eivada de
ilicitudes: é golpe.
Se não houver uma reação firme das cabeças legalistas do país, o golpe
se consumará nas próximas semanas.
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