Idas e vindas na busca da unidade possível
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
“É impossível ser feliz sozinho”, ensina Tom Jobim em sua
bela canção Wave. No amor e na luta política.
Aqui e alhures, a história jamais registrou vitórias significativas
alcançadas a poucas mãos. É sempre imprescindível unir forças – mesmo dispares
e contraditórias entre si, em favor de um objetivo comum, ainda que de curto ou
médio prazo.
Fora disso, faz-se apenas o protesto. Sem ganhos sequer parciais
e de pequeno alcance.
As centrais sindicais
protagonizam agora um exercício prático de uma complexa e sinuosa busca de
unidade em torno do Projeto de Lei 4.330 (no Senado como PLC 30), que trata da
terceirização.
Quando da tramitação
na Câmara, elas se dividiram: a Força Sindical e aliadas menos expressivas
tomaram partido em favor do empresariado, enquanto a CUT e a CTB e aliadas se
posicionaram em favor dos trabalhadores.
Isto a custa de
muito atrito entre elas. Clima bélico.
Em que podem estar
unidas imediatamente as centrais? Basicamente no combate à terceirização na
atividade-fim das empresas e na realização, dia 29, de um ato nacional de
protesto contra as medidas consideradas prejudiciais aos trabalhadores,
contidas no ajuste fiscal.
Pouco? Talvez sim,
tendo em conta a dimensão dos interesses reais dos que vivem do trabalho em
nosso país, que abarca pauta bem mais ampla. Além da preservação do emprego, do
nível salarial e de direitos trabalhistas essenciais, dependentes da retomada
do crescimento, impõe-se a própria defesa da democracia, do mandato constitucional da presidenta Dilma, da
Petrobras, da economia e da engenharia nacional; o combate à corrupção com o fim
do financiamento empresarial das campanhas.
Mas aí
já seria querer demais, agora, tal a dispersão de forças e o conflito de interesses
que desenham o atual quadro político e das lutas sociais em âmbito nacional.
Quando a maré não
está pra peixe e tem nego beliscando azulejo, como se diz comumente, ganha
enorme importância o fato dos dirigentes sindicais estarem à mesa em busca da
unidade possível e contribuírem, cada central a seu modo, para as manifestações
de rua conjuntas.
Porque a luta
política não se dá em linha reta e sempre comporta diferenças e discrepâncias,
mais ainda num país como o nosso, de dimensões continentais e imensas
diversidades.
De uma forma ou de
outra, ainda que como um rio que segue seu curso contornando obstáculos – nesse
caso sobretudo de ordem subjetiva -, colocar em movimento trabalhadores e fazer
ouvida a voz das ruas constitui um componente fundamental na atual cena
política nacional.
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