Crise humanitária
Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
O
processo de acumulação, em escala sem precedentes, da concentração,
centralização do capitalismo, cujas consequências surgem diante dos
extraordinários movimentos financeiros, monetários, em nível planetário, tem em
conta primordialmente o capital volátil, em um Mercado caracterizadamente
parasitário, rentista.
Mesmo com o risco de uma
observação empírica é possível assinalar que o processo estrutural da crise
capitalista internacional atingiu uma nova e mais dramática etapa, onde vários
fatores, políticos, econômicos, militares e sociais estão se somando de maneira
muito perigosa.
A economia norte-americana,
carro chefe de todo esse processo, esperava um balanço atual que indicasse
crescimento em um mínimo de 1,0% mas apresenta índice pífio de 0,2% provocando
fenômeno depressivo nos analistas do sistema.
A decadência da outrora poderosa
economia dos Estados Unidos revelou-se durante a década de 1980 quando os
sintomas de desindustrialização já eram evidentes.
Segundo o jornalista
norte-americano George Packer em seu recente livro “Desagregação, por dentro de
uma nova América”, o vale do Mahoning, região produtora de aço, sofreu uma
brutal crise irreversível que também estendeu-se por outras regiões como
Cleveland, Toledo, Akron, Syracuse, Pittsburgh, Bethlehem, Detroit, Flint,
Milwaukee, Chicago, Gary, St. Louis etc.
Daí o apelido de “Cinturão da
Ferrugem”, a “praga de centenas de milhares de desempregados do setor produtivo
industrial”. A debacle financeira de 2008 acrescentou à decadência da economia
dos EUA um novo, mais grave fator.
A atual sublevação popular em
Baltimore, EUA, vista pela mídia de todo mundo noticiada como rebelião contra o
racismo, que também é, trata-se de fenômeno social em virtude do desemprego
massivo na América do Norte.
E, com a crise capitalista
global surge o trágico êxodo, em virtude das agressões imperialistas na África,
das incríveis, sucessivas ondas de refugiados e imigrantes que cruzam o
Mediterrâneo rumo à Sicília, Itália, com a morte de milhares de pessoas pelo
naufrágio na busca de trabalho numa Europa devastada pelo desemprego, a
falência econômica, desorientação social no velho continente.
Assim a crise da Nova Ordem
mundial neoliberal acrescenta ao seu legado danoso uma catástrofe humanitária
sem precedentes.
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