Perigosa subestimação de quem decide
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
O perigo é para quem alimenta pretensões no próximo pleito e concentra energias nos seus interesses e manobras imediatos, sem levar em conta as expectativas do cidadão comum.
Tanto em âmbito nacional, como local.
Vejam Michel Temer, que não descarta a hipótese de se candidatar à presidência (segundo especulações recorrentes) ou eleger um dos seus e, repetidas vezes, tem afirmado que se aproveita da impopularidade para “fazer o que é preciso ser feito”.
Traduzindo: faz o jogo sujo que interessa às forças do rentismo e de grupos estrangeiros, num esforço determinado de cumprir a agenda que Fernando Henrique Cardoso não teve condições de completar. Depois, no embate eleitoral de outubro, quem sabe através de artifícios midiáticos, possa alcançar seus intentos.
Os jornais de hoje dão um bom exemplo disso, ao destacarem que o chefe do governo oferece agora 10 bilhões de reais em obras nos redutos eleitorais dos deputados que, ainda indecisos, apoiarem a reforma previdenciária.
Como se o cidadão comum (os tais eleitores situados nesses redutos) seja incapaz de compreender as coisas e qualificar o seu voto.
Cá na província, o debate público que antecede as démarches em torno de candidaturas, composições e alianças mostra-se bem longe dos condicionantes objetivos dos problemas em tela.
Tome-se como exemplo o problema da violência criminal ascendente. Poucas vezes se terá visto debate tão superficial, de ambas as partes (oposição e governo) sobre tema tão complexo. Tudo parece se reduzir ao quantitativo de policiais militares e civis, armas, munição e viaturas postos em ação — como se o problema fosse resolvido apenas pelo confronto polícia versus bandidos.
De há muito se tem a percepção dos fatores multicausais da violência criminal, que envolve grau de exclusão social produtiva, nível de escolaridade, densidade populacional e densidade de habitantes por domicílio, morfologia urbana, alcoolismo, impunidade, falência do aparato policial, conteúdo da cobertura midiática das ocorrências criminais (que glamouriza o crime e a violência), etc.
Desde 2003, por iniciativa do governo federal em cooperação com os demais entes federativos, se vem urdindo uma política nacional de segurança conceitualmente avançada, que articula acertadamente repressão e prevenção, valorizando nas ações repressivas a inteligência em relação ao confronto armado direto; e que busca a integração da União, dos estados e dos municípios nessa tarefa.
O Pacto pela Vida em Pernambuco, que chegou a lograr êxitos importantes no item redução de homicídios, se assenta nesse conceito.
Nessa mesma linha, o discurso de alguns muda conforme a direção do vento.
Um senador da República que até ontem tecia elogios até exagerados ao seu então partido e aos governos estadual e municipais por este geridos, de repente desdiz o que afirmava e passa a negar tudo, ao estilo do ex-presidente, que um dia pediu que esquecessem o que dissera!
No fundo, há uma expectativa errônea quanto ao provável comportamento do eleitorado, supostamente a reboque da propaganda mais artificiosa. Uma subestimação absurda do processo de formação da consciência social, que não se dá em linha reta nem se submete a esquemas rígidos.
Hoje, em razão de uma somatório de fatores, por maior que seja a manipulação midiática — que no Brasil se dá ao extremo —, há uma espécie de consciência política "espontânea" que se mostra comumente fragmentadas, mas que conduz a alterações de atitudes. Mormente num ambiente de descrença em relação aos partidos, aos políticos e ao que comumente se tem chamado "promessas" de candidatos.
Enfim, a subestimação da capacidade de discernimento do eleitorado poderá ser fatal a quem ensaia pelejar no próximo pleito repetindo o velho discurso puramente maniqueísta, que nada explica nem justifica.
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
O perigo é para quem alimenta pretensões no próximo pleito e concentra energias nos seus interesses e manobras imediatos, sem levar em conta as expectativas do cidadão comum.
Tanto em âmbito nacional, como local.
Vejam Michel Temer, que não descarta a hipótese de se candidatar à presidência (segundo especulações recorrentes) ou eleger um dos seus e, repetidas vezes, tem afirmado que se aproveita da impopularidade para “fazer o que é preciso ser feito”.
Traduzindo: faz o jogo sujo que interessa às forças do rentismo e de grupos estrangeiros, num esforço determinado de cumprir a agenda que Fernando Henrique Cardoso não teve condições de completar. Depois, no embate eleitoral de outubro, quem sabe através de artifícios midiáticos, possa alcançar seus intentos.
Os jornais de hoje dão um bom exemplo disso, ao destacarem que o chefe do governo oferece agora 10 bilhões de reais em obras nos redutos eleitorais dos deputados que, ainda indecisos, apoiarem a reforma previdenciária.
Como se o cidadão comum (os tais eleitores situados nesses redutos) seja incapaz de compreender as coisas e qualificar o seu voto.
Cá na província, o debate público que antecede as démarches em torno de candidaturas, composições e alianças mostra-se bem longe dos condicionantes objetivos dos problemas em tela.
Tome-se como exemplo o problema da violência criminal ascendente. Poucas vezes se terá visto debate tão superficial, de ambas as partes (oposição e governo) sobre tema tão complexo. Tudo parece se reduzir ao quantitativo de policiais militares e civis, armas, munição e viaturas postos em ação — como se o problema fosse resolvido apenas pelo confronto polícia versus bandidos.
De há muito se tem a percepção dos fatores multicausais da violência criminal, que envolve grau de exclusão social produtiva, nível de escolaridade, densidade populacional e densidade de habitantes por domicílio, morfologia urbana, alcoolismo, impunidade, falência do aparato policial, conteúdo da cobertura midiática das ocorrências criminais (que glamouriza o crime e a violência), etc.
Desde 2003, por iniciativa do governo federal em cooperação com os demais entes federativos, se vem urdindo uma política nacional de segurança conceitualmente avançada, que articula acertadamente repressão e prevenção, valorizando nas ações repressivas a inteligência em relação ao confronto armado direto; e que busca a integração da União, dos estados e dos municípios nessa tarefa.
O Pacto pela Vida em Pernambuco, que chegou a lograr êxitos importantes no item redução de homicídios, se assenta nesse conceito.
Nessa mesma linha, o discurso de alguns muda conforme a direção do vento.
Um senador da República que até ontem tecia elogios até exagerados ao seu então partido e aos governos estadual e municipais por este geridos, de repente desdiz o que afirmava e passa a negar tudo, ao estilo do ex-presidente, que um dia pediu que esquecessem o que dissera!
No fundo, há uma expectativa errônea quanto ao provável comportamento do eleitorado, supostamente a reboque da propaganda mais artificiosa. Uma subestimação absurda do processo de formação da consciência social, que não se dá em linha reta nem se submete a esquemas rígidos.
Hoje, em razão de uma somatório de fatores, por maior que seja a manipulação midiática — que no Brasil se dá ao extremo —, há uma espécie de consciência política "espontânea" que se mostra comumente fragmentadas, mas que conduz a alterações de atitudes. Mormente num ambiente de descrença em relação aos partidos, aos políticos e ao que comumente se tem chamado "promessas" de candidatos.
Enfim, a subestimação da capacidade de discernimento do eleitorado poderá ser fatal a quem ensaia pelejar no próximo pleito repetindo o velho discurso puramente maniqueísta, que nada explica nem justifica.
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