Condenação de Lula é novo golpe contra a democracia
Nota do PCdoB
A condenação do ex-presidente
Lula em segunda instância pelo TRF-4 nesta quarta-feira (24) é um arbítrio, o
ponto culminante de um verdadeiro processo de exceção. Desde a primeira
instância, o processo foi conduzido sem levar em conta o princípio básico do juiz
natural; em nenhum momento foram apresentadas provas de qualquer tipo de que o
tal tríplex é de propriedade ou esteve em posse do ex-presidente. Não há
qualquer ato de ofício que demonstre que ele beneficiou a empresa em questão,
dentre muitas outras inconsistências largamente demonstradas pela defesa.
Não à toa o processo movido
contra Lula despertou a consciência jurídica nacional e internacional. Alguns
dos mais renomados juristas do mundo se pronunciaram sobre o assunto,
denunciando o caráter político do processo.
Lula foi submetido a um massacre
midiático permanente, que buscou jogar lama sobre o seu nome. Nesse sentido, o
que vemos é uma repetição de outros episódios da história do Brasil, nos quais
a grande imprensa buscou destruir lideranças comprometidas com o povo e com os
interesses nacionais através de ataques contra sua honra. Foi assim com Getúlio
Vargas e com João Goulart, ambos vítimas de campanhas difamatórias que abriram
espaço para golpes contra a nação.
Esta decisão, que visa o afastamento
de Lula do processo eleitoral, é a nova fase do golpe institucional que cassou
54 milhões de votos dos brasileiros e brasileiras que elegeram Dilma Rousseff
em 2014.
O golpe, como o PCdoB tem
afirmado desde o início, tem um programa. Foi consumado para implementar um
violento projeto de recolonização do país, que inclui a destruição dos direitos
dos trabalhadores e trabalhadoras e a reafirmação dos interesses do rentismo
parasitário. Esse programa não aceita a democracia porque não pode ser implementado
sem calar o povo, cassando-lhe o direito ao voto, perseguindo suas lutas e seus
dirigentes. Lula não é o primeiro nem será o último, caso a sociedade
brasileira não se mobilize em defesa da democracia e do Estado de Direito.
Provando que o golpe é um processo
em curso, duas novas etapas dessa ofensiva contra a soberania e os interesses
do trabalhador se encontram na pauta imediata de discussões do Congresso
Nacional: a reforma da Previdência Social e a privatização da Eletrobrás.
Para reverter esse processo, é
preciso apresentar um programa que una todos os brasileiros e brasileiras em
torno de um projeto de desenvolvimento nacional autônomo, de reindustrialização
e de reversão das medidas de Temer contra o Brasil e os direitos dos
trabalhadores. Uma plataforma que demonstre que a realização plena do Brasil
enquanto nação é o caminho para a consolidação da democracia e dos direitos do
povo.
Este caminho de afirmação dos
interesses nacionais contraria frontalmente os especuladores e rentistas e, por
isso, não passa pela pactuação com esses setores. Trata-se, pelo contrário, de
construir a frente mais ampla possível, uma concertação que permita isolá-los.
É para defender esse programa e sustentar essa orientação que o PCdoB lançou a
pré-candidatura de Manuela D'Ávila, portadora de uma agenda de novas esperanças
para o povo e de outro futuro para o país.
No momento em que é cometida essa
violência contra o Estado Democrático Direito, o PCdoB abraça Lula e a
militância do PT, e reafirma a convicção de que deve prosseguir a luta para que
as próximas instancias do Judiciário revertam este arbítrio, permitindo que o
ex-presidente dispute livremente as eleições, garantindo que todos os
brasileiros e brasileiras tenham assegurado seu direito de votar livremente.
São Paulo, 24 de Janeiro de 2018.
Deputada federal Luciana Santos
Presidenta nacional do PCdoB
Presidenta nacional do PCdoB
Manuela D’Ávila
Pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB
.
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