Manuela: dois alvos simultâneos
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal
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Mais embaralhada do que a pré-sucessão
presidencial só mesmo a situação geral do país. Ninguém medianamente sensato haverá
de prever agora o desdobramento dos acontecimentos até as convenções
partidárias, que acontecerão em fim de julho e início de agosto.
Poderemos ter perto de vinte candidatos
à presidência ou até mais, ou um número mais próximo da sensatez, em torno de
cinco ou seis.
O onipotente sistema financeiro tem
emitido sinais de impaciência e ansiedade, segundo noticia o 'Estadão'.
Informes se sucedem em tom apreensivo em razão da inexistência, até agora, de
um candidato identificado como de centro-direita, que a juízo dos analistas
seria da confiança do rentismo.
Geraldo Alckmin, cujo currículo o
credencia para ocupar essa função, padece entretanto de apelo eleitoral e de
uma evidente dissonância entre seus compromissos ultra liberais e entreguistas
e o sentimento e as expectativas da maioria dos brasileiros — que deseja o
retorno a um padrão de crescimento da economia com inclusão social produtiva.
Nas hostes oposicionistas, ainda
prevalece o cenário de pelo menos quatro candidaturas de esquerda — a de Lula
ou um eventual substituto, pelo PT, Ciro Gomes pelo PDT, Manuela D'Ávila pelo
PCdoB e Guilherme Boulos pelo PSOL.
Dentre estas, a pré-candidata comunista
se sobressai por combinar a defesa das proposições do seu partido — um novo
projeto nacional de desenvolvimento, soberano, inclusivo e democrático — com a
pugna pela unidade da esquerda.
Um tiro e dois alvos simultâneos. Equidistante
das escaramuças entre Ciro e próceres petistas.
Havendo uma convergência dos partidos
de esquerda em torno de uma candidatura única já no primeiro turno, Manuela não
será empecilho. Muito ao contrário.
Prevalecendo o cenário de dispersão,
seguirá adiante conquistando parcelas expressivas do eleitorado mais jovem,
mais esclarecido e predominantemente situado no centro-sul, conforme revelam
pesquisas.
Há como que uma harmonia dialética
entre o empenho de Manuela pela própria pré-candidatura e a defesa da unidade.
Quanto mais se fortalecer como alternativa ao Planalto, mais autoridade terá
para seguir propugnando a junção de forças.
Enfim, são movimentos que tendem a se
acelerar na medida em que nos aproximamos de outubro. Entre a dispersão ampla e
a relativa concentração de candidaturas estará o conteúdo e a clareza do debate
sucessório antes das convenções e na campanha propriamente dita.
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