Aldir
Blanc, o cronista do Brasil na corda bamba
Antonio Carlos Queiroz, portal Vermelho
Há coisa de mês e meio, o Evandro, um projeto de concunhado,
quis me mostrar seu gosto musical, e a primeira canção que botou pra tocar foi
a Resposta ao Tempo do
Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, um hit de Hilda
Furacão, minissérie da Globo. Lá pelas tantas, no verso “E o
tempo se rói com inveja de mim”, cravei com certeza científica, quer dizer,
cheio de dúvidas: Ahá! O Aldir se inspirou no poeta latino Horácio Flaco (65
a.C. – 8 a.C.)!
Nessa música, Aldir relata um
diálogo do Eu lírico apaixonado com o Tempo, com letra maiúscula e tudo. O
Tempo zomba do Eu que chora pelos amores perdidos, “porque sabe passar, / eu
não sei…”. O Tempo se compara com o Eu, “pois não sabe ficar/ e eu também não
sei…”. Quando o Tempo lhe “sussurra que apaga os caminhos/ que amores terminam
no escuro, sozinhos”, o Eu responde que “ele aprisiona, eu liberto, / que ele
adormece as paixões, eu desperto!”. É aqui que o Eu diz que “o Tempo se rói com
inveja de mim, / me vigia querendo aprender/ como eu morro de amor/ pra tentar
reviver”. Por fim, o Eu chega à conclusão de que, no fundo, o Tempo “é uma
eterna criança/ que não soube amadurecer. / Eu posso e ele não vai poder me
esquecer”.
O Aldir, psiquiatra, cronista e
poeta cultíssimo, obviamente bebeu na fonte do Horácio Orelhão (Flaccus) para
compor essa canção, mais exatamente nos dois versos finais de sua Ode 1.XI,
aquela do Carpe diem. Ali, o Horácio
exorta uma moça, Leucônoe, a se abster de adivinhar o futuro, aceitando o que a
vida lhe oferece agora. Beba vinho, minha filha (como diria o Dráuzio!), e, já
que a vida é breve, afaste as longas esperanças. A ode termina assim: dum
loquimur, fugerit invida/ aetas: carpe diem quam minimum credula postero. Mais
ou menos o seguinte:“A gente conversa e o tempo foge invejoso: goze o hoje, refugue
o futuro”
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