27 junho 2021

A força real da seleção

Continua a dúvida se o Brasil está tão bem assim para enfrentar os europeus

Tenho a impressão que as seleções médias da Euro melhoraram, enquanto na América do Sul, ficaram piores
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Está difícil acompanhar, nos detalhes, o Campeonato Brasileiro, a Eurocopa e a Copa América. Às vezes, não consigo entender o que acontece em um jogo. Imagine em dois ou três ao mesmo tempo.

Multar Tite e Marcelo Moreno por criticarem a organização da Copa América é uma atitude autoritária da Conmebol. Até o final da semana, 166 pessoas relacionadas à competição foram infectadas pela Covid-19.

Neste domingo (27), o Brasil enfrenta o Equador. A vitória de virada, por 2 a 1, contra a dura marcação da Colômbia, foi mais uma demonstração da enorme vontade de vencer que tem o time brasileiro. O mesmo ocorre até nos amistosos. Por isso, o Brasil, desde a época de Dunga, foi ironicamente apelidado de campeão mundial de amistosos.

Isso me faz lembrar também de 2013, na Copa das Confederações, quando a seleção brasileira ganhou da Espanha, na final, por 3 a 0, com uma grande festa no Maracanã. Parecia um timaço, favorito para ganhar o Mundial. Um ano depois, perdeu por 7 a 1 para a Alemanha. Continua a dúvida se estamos tão bem assim para enfrentar os europeus. Temos de aprender com a história.

O gol da vitória da seleção, contra a Colômbia, no último minuto, de escanteio, não foi nada surpreendente. Casemiro é excelente na jogada aérea, e Neymar, além de seu enorme repertório, é craque também para bater escanteios.

Tenho a impressão, que precisa de mais tempo para se tornar uma convicção, que as seleções médias que se classificaram para as oitavas de final da Eurocopa, como País de Gales, Dinamarca, Suécia, Suíça, Áustria, República Tcheca e Ucrânia, melhoraram nos últimos anos, enquanto, aqui na América do Sul, fora Brasil e Argentina, as outras seleções estacionaram ou pioraram. Continuam com quase os mesmos jogadores das últimas temporadas.

As atuações do Brasil nas Eliminatórias têm sido boas, eficientes, mas o time depende demais de Neymar receber a bola pelo centro, para fazer a transição de uma intermediária à outra. Tem funcionado bem porque Neymar está em grande forma e porque os adversários são fracos. Existe ainda o risco de alguns jogadores se acomodarem e deixarem para Neymar resolver os grandes desafios. Se parte da imprensa costuma colocar a culpa das derrotas no principal craque, os jogadores, mesmo sem racionalizar, podem pensar o mesmo.

A Copa América tem confirmado também que a seleção possui alguns jogadores essenciais, titulares absolutos da equipe, como Neymar, Casemiro, Marquinhos e Thiago Silva. Nas outras posições, faz pouca diferença quem será escalado, embora alguns, como Richarlison, sejam mais regulares.

No sábado (26) começaram os jogos das oitavas de final da Eurocopa. Todas as principais seleções se classificaram. A Itália, que foi muito bem nas três partidas, enfrentou a Áustria. Nesta fase, teremos dois clássicos, Bélgica e Portugal e Inglaterra e Alemanha. Não há favoritos.

Nos clássicos entre França e Alemanha e entre França e Portugal, ainda na fase de grupos, as seleções, em vez de pressionarem para recuperar a bola mais à frente, o que gera intensidade de jogo, priorizaram a marcação mais recuada, para fechar os espaços e contra-atacar, o que torna o jogo mais cadenciado, a não ser em lances esporádicos, com jogadas em velocidade, especialmente para jogadores como Mbappé e Cristiano Ronaldo.

Temos de enxergar também o momento, que pode não ser igual ao instante seguinte.

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