Vendas do comércio patinam em janeiro depois de cair 1,9% em
dezembro
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A
renda dos brasileiros está cada vez mais corroída pela inflação, enquanto a
falta de emprego não deixa alternativa senão a informalidade para milhões. Os
dados recentes do varejo são demonstração de que as famílias estão comprando
cada vez menos: em janeiro deste ano, o volume de vendas do comércio caiu 1,9%
ante o mesmo período de 2021 e avançou apenas 0,8% sobre as vendas de dezembro
– com cinco dos oito segmentos pesquisados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) no vermelho.
De acordo com a pesquisa do comércio
varejista divulgada pelo instituto nesta quinta-feira (10), as vendas de
janeiro não conseguiram sequer compensar a queda de -1,9% (número revisado) de
dezembro do ano passado – mês tipicamente bom para o comércio por conta das
festas de fim de ano. Com o resultado, o setor está 1% abaixo do patamar
pré-pandemia e 6,5% menor em volume de vendas do que o registrado em outubro de
2020.
Na passagem de dezembro para janeiro, 5 das
oito atividades tiveram queda, inclusive as vendas dos supermercados, mostrando
que as famílias estão reduzindo o consumo até mesmo de itens essenciais.
“A atividade de hiper e supermercados, que
tem um peso muito grande, ficou no campo da estabilidade, o que fez com que
outras atividades tivessem mais influência no índice”, explicou o gerente da
pesquisa, Cristiano Santos.
Hiper, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo: -0,1%;
Tecidos, vestuário e calçados: -3,9%;
Livros, jornais, revistas e papelaria: -2,0%;
Móveis e eletrodomésticos: -0,6%;
Combustíveis e lubrificantes: -0,4%.
A breve alta no mês foi puxada apenas pelas
vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,8%) e
Outros artigos de uso pessoal e doméstico (9,4%).
“Dada a evolução na virada do ano, pode-se
dizer que o varejo vem andando de lado, isto é, oscilando em torno da mera
estabilidade. É o que mostram as médias móveis trimestrais com ajuste sazonal
desde novembro do ano passado ”, ressaltou o Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial. Em janeiro a média móvel trimestral é de menos
0,2%. O Iedi aponta entre os fatores que prejudicam o setor estão “a alta da
inflação e dos juros e desemprego ainda muito elevado”.
Comércio varejista
ampliado recua 0,3%
No comércio varejista ampliado, que inclui
veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas
caiu 0,3% ante dezembro, sob o impacto da queda de 1,9% das vendas de veículos
e motos, e recuo de -0,3% em material de construção. Em relação a janeiro de
2021, o varejo ampliado caiu 1,5%.
Na véspera, o IBGE divulgou a pesquisa da
produção industrial, mostrando um tombo de 2,4% em janeiro. Em um cenário de
produção em queda, vendas patinando, falta de emprego, juros altos e inflação,
as projeções são de crescimento abaixo de zero em 2022.
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