Sobrevivência doméstica
Luciano Siqueira
Certa vez, conversávamos
descontraidamente o ex-ministro Armando Monteiro Filho e eu.
Comentei que sofrera um episódio de
labirintite logo ao despertar.
O velho Armando (pai de Armando Monteiro
Neto, ex-senador), solícito e afetuoso como sempre, passou a discorrer sobre o
modo adequado de se levantar da cama de manhã cedo.
“Para não ter tonturas”, dizia ele,
detalhando a fórmula aparentemente infalível.
Um amigo comum, que escutava
atentamente (estávamos num coquetel), meteu-se na conversa:
“Isso é assunto de velho, Armando.”
“Nada disso, é técnica de sobrevivência”,
retrucou.
Seguimos em tom jocoso falando de tantas
coisas que vêm à tona quando a idade avança...
...
Pois domingo passado recordei o
episódio ao forrar a cama de manhã cedo.
Dei-me conta de que, com o tempo,
adotei uma técnica que suponho ser muito própria, senão original.
“Bem que poderia gravar um vídeo sobre
essa técnica”, pensei comigo mesmo, já que estamos numa época em que tudo se torna
imagem destinada às redes sociais...
Mas certamente camareiras e camareiros
de hotel são muito mais hábeis do que eu nessa tarefa.
Sei disso pelo resultado: camas cobertas
de maneira impecável e, às vezes, um arranjo qualquer que torna o produto mais
agradável e atraente.
Será mesmo que vale a pena divulgar
amplamente meu modo de dobrar o edredom, combinar o tamanho da peça com o espaço
disponível na cama e sobre ele dispor travesseiros numa posição esteticamente
agradável?
Realmente, só um idoso como eu podia
estar imaginando uma bobagem como essa.
Claro que não vou divulgar coisa
alguma!
Melhor mesmo é seguir minha rotina cotidiana
de intenso trabalho, esta sim, tenho certeza, muito mais ampla do que a média
dos homens e mulheres da minha idade.
Mas se Armando Monteiro Filho ainda
estivesse entre nós bem que eu toparia trocar ideias sobre nossas experiências
comuns de sobrevivência doméstica...
.
Veja: Fato novo nas eleições de outubro https://bit.ly/3MCkYl9
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