Tivemos a felicidade de participar, hoje da inauguração do 'Memorial Luiz Tenderini', no Recife. Para marcar a luta e a vida desse companheiro de jornadas cuja trajetória é um manifesto vivo pela Liberdade e pela emancipação do povo — como se apreende no belo depoimento Helena Tenderini. (LS)
LUIS TENDERINI, PAINHO
O relato de uma das filhas do ex-metalúrgico que este mês faria 80
anos. Ele fundou o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ações Sociais e a
Trapeiros de Emaús Recife
HELENA TENDERINI/revista Continente
Eu tinha três anos. Meu pai contava que
me segurava pela mão esquerda e Sara, de cinco, pela mão direita. Estávamos com
ele na Praça da Sé, em São Paulo, que aos poucos ia sendo lotada por centenas
de trabalhadores vindos de todo canto da capital, para gritar contra o aumento
do custo de vida e a carestia imposta pelo governo militar. Tempo de inflação
alta e muita fome. Eram mulheres, homens e crianças (como nós duas) que
acompanhavam as famílias na manifestação. E iam se juntando e aumentando
rapidamente, como água de rio em tempestade. Vira enchente indomável. Assim é
gente organizada.
Painho era um contador de histórias, desses que prende a atenção
de todos que escutam. E ele sempre tinha grandes histórias para contar, mesmo
com a humildade e simplicidade de quem não quer aparecer como protagonista. Só
que era. Protagonizou muitas histórias bonitas, fortes, desafiadoras,
inacreditáveis, verdadeiras. Para saber contar é preciso antes – e ao mesmo
tempo – saber ouvir. Uma das coisas que eu mais gostava era ouvir as histórias
de meu pai. Na mesa, tomando café, no sofá, no terraço, no carro. Sempre foi de
grande aprendizado, de grande prazer olhar nos olhos de painho e entrar dentro
das suas palavras, construindo minhas próprias imagens na cabeça a partir de um
mundo de vidas narradas ali.
Não sei se
me lembro da cena da Sé como ela aconteceu de verdade, ou visualizo a imagem a
partir da história detalhada de painho, mas enxergo nitidamente a frente da
igreja cheia de trabalhadoras e trabalhadores. Ao virar de frente para a
catedral, a visão de um batalhão do Exército fardado, com escudos e cassetetes
cercando toda a multidão. Uma cena amedrontadora para um pai com duas filhas
pequenas, Helena e Sara. As duas meninas – nós – apertamos forte as mãos de
painho e sabíamos que ele estava ali. O ano era 1978.
Após 08 de janeiro de 2023, dia
histórico e triste de ataque à democracia no Brasil, é extremamente necessário
relembrar fatos assim. Pois as forças antidemocráticas ainda são grandes e a
ditadura organizada daquela época também surpreendia com seu poder.
A multidão
de trabalhadoras foi sendo cercada cada vez mais no centro da Sé. Mas o povo
não baixou a cabeça, manteve a postura firme, sem ceder ao medo, apesar da
força intimidadora do cerco. Prontamente, Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo da
maior cidade do Brasil, se posiciona. Progressista. Humano. Sabido de seu lugar
de poder, abre as portas da imponente catedral. Essa casa de Deus é do povo,
ele vai entrar e dentro dela ninguém vai fazer nada contra ele. E
assim foi. A corrente de soldados rompeu-se em uma brecha e a enxurrada de
gente passou como água forte de correnteza do início até o fim. Com a proteção
do bispo e as mãos atadas de um exército que ainda era obrigado a respeitar a
Igreja Católica.
Lembro
quando painho levava a gente para Boa Viagem – nesta época sem tubarões, porque
o Porto de Suape ainda não tinha causado a devastação ambiental que mudou o seu
habitat no litoral pernambucano. Painho ia com as três filhas meninas, Sara,
Helena e Anaê, até os barcos dos pescadores ancorados ali pertinho da praia
central do Recife. Ensinava a gente a nadar, a ser livre e a não ter medo do
que não precisa ter medo, e a ter respeito pelo que merece. Aprendemos a não
temer o cerco do Exército e, ao mesmo tempo, respeitar as águas do mar, no seu
ciclo de encher e baixar. A opressão e a injustiça devem ser enfrentadas, não
podem ser temidas. A natureza, em sua imponência e força, deve ser respeitada e
nós somos parte dela.
Certa vez, estávamos nós três
sentadas na beira de um barco e painho foi nadar. Deu um impulso mais firme com
as pernas e foi. O barco balançou forte e Anaê, de dois anos, caiu na água,
entrando debaixo do barco. Eu e Sara procurávamos e não conseguíamos
encontrá-la. A gente gritava e painho, nadando lá longe, não ouvia. Até que
Anaê apareceu do outro lado do barco (ela atravessou sozinha por baixo da
água). A gente a ajudou a se segurar com as pequenas mãos na beira do barco até
painho chegar e ficar tudo bem. De vez em quando, essa história aparecia nas
nossas conversas de família e, até hoje, eu acho que painho nunca percebeu a
gravidade desse fato, porque estava tudo bem quando ele chegou.
***
Luigi ou Luis Tenderini, meu pai, foi um homem
sábio, de fé. Simples, nunca perdeu sua humildade de pastor de ovelhas e
cabras, camponês de uma pequena aldeia nas montanhas da Valssasina – norte da
Itália. Respeitado, importante, conselheiro, ancião que falava seis línguas e
que, com o microfone na mão e os pés em grandes palcos, plataformas e
parlamentos, bravou frente às injustiças do mundo, às quais se opôs, contra as
quais lutou e, muitas vezes, que entristeceu o coração grande que
possuía.
Não teve pai, ficou órfão antes de completar dois
anos de idade. Em uma Itália devastada pela guerra e pela pobreza, meu avô
Domenico morreu ao cair de um poste que consertava como trabalhador da
companhia elétrica. Era inverno de 1944, antevéspera de Natal, quando a madeira
apodrecida do poste cedeu e ele caiu de uma altura grande, batendo a cabeça em
uma pedra. Faleceu na hora. Minha avó (nonna) Marta ficou
viúva com 10 filhos em escadinha, para criar sozinha. Luigi Tenderini era o
nono filho. Por conta da situação de pobreza enfrentada pela família, ele
precisou ser enviado, com seis anos de idade (1949), a um orfanato em outra
cidade, para poder estudar e ter as refeições diárias garantidas.
Às vezes penso como é possível um homem criado sem
pai ter sido tão incrível pai? Deve ser porque não teve pai, mas teve amor. De
mãe, de irmãs e irmãos e da comunidade.
Cresceu passando muito tempo fora de casa, primeiro
no orfanato, depois no colégio em sistema de internato. Com 15 anos, perdeu seu
irmão mais próximo, Achille, de 17 anos – que adoeceu e não resistiu à doença.
Viveu no seminário e decidiu se tornar padre, seguindo o exemplo de Carlo,
irmão mais velho. Mas sempre ia passar as férias e datas comemorativas nas
montanhas, em sua aldeia, e foi em uma dessas ocasiões, no final de 1966, que,
cortando lenha para aquecer a casa naquele inverno, perdeu o dedo indicador da
mão esquerda, levado pelo machado.
Uma lembrança de criança que eu, minhas irmãs e
nossos filhos e filhas temos é de vê-lo brincando de fazer mágica com o dedo
faltante, como se tirasse um pedaço e colocasse de volta e depois engolia.
Passei anos até entender que era uma brincadeira e que ele realmente só tinha
nove dedos. Mais uma semelhança com o presidente Lula, do qual painho era
grande admirador, torneiro mecânico igual a ele.
Esse montanhês se fascinava pelas histórias de
alguns conterrâneos de Premana que viajavam o mundo, na intenção de viver a
vida como missionários. Painho decidiu que viveria a causa jesuíta, inspirado
em Francisco de Assis, italiano que escolheu os animais e a simplicidade dos
campos, do sol e da lua. Escolheu o Brasil para ser sua casa e viajou 13 dias
em um grande navio até aportar no Rio de Janeiro. O dia era 18 de novembro de
1968. Imediatamente, ele foi enviado pelos seus superiores à Teresina, capital
do Piauí. Duas coisas o surpreenderam de pronto: o calor da cidade nordestina
(chegara no verão de um dos lugares mais quentes do Brasil) e o poder
massacrante da ditadura militar (no final daquele ano, iniciava-se o AI-5, Ato
Institucional nº 5, período mais sombrio do regime brasileiro).
Pouco mais de um ano em Teresina, painho pediu permissão aos seus superiores na
ordem jesuíta para viver uma experiência junto aos trabalhadores em São Paulo.
Queria viver como operário, pois lia sobre as lutas sindicais na grande capital
do país, e acompanhar de perto essa experiência entrou nos seus sonhos. A
obediência é a maior virtude de um jesuíta, tinha que obedecer à hierarquia da
ordem. Deixaram e ele foi. São Paulo mudou sua vida: desistiu de ser padre,
virou metalúrgico, se casou, lutou contra o regime opressor, foi preso e
torturado, teve três filhas.
Até que chegou uma surpreendente proposta de voltar
ao Nordeste. Carlúcio Castanha, amigo de amigos, precisava sair do Recife por
conta da perseguição que estava sofrendo pelo governo ditador de Pernambuco.
Ele era educador do Centro de Trabalho e Cultura (CTC) e painho assumiria seu
lugar. Mainha estava se formando assistente social e só aceitaria vir com
trabalho certo para ela também. Vieram! Painho voltava ao Nordeste 11 anos
depois, com uma família: Anaê recém-nascida, um mês de vida, mudança lotando o
fusquinha e ele, sozinho, pegando estrada de São Paulo a Recife. Mainha e nós
três viemos de avião.
De painho, são tantas as memórias. Às vezes
esparsas, soltas, perdidas, confundidas com a realidade. Às vezes, nítidas, profundas,
plenas, repletas de sonhos. Essas memórias, carrego hoje com orgulho, junto com
minhas irmãs, Sara e Anaê, meus filhos Makambi, Malaika, Malakai e Aluandê e
todas as netas e netos, viúva, familiares, amigas e amigos, gente querida,
admiradores, “discípulos”. Ele colecionou admiradoras e admiradores que nem
sabemos, no percurso do chão que pisou nesse planeta água que nos acolhe. Neste
dia 23 de janeiro de 2023, completaria 80 anos de idade, oito décadas que viveu
profundamente.
Uma lembrança de criança que eu, minhas irmãs e
nossos filhos e filhas temos é de vê-lo brincando de fazer mágica com o dedo
faltante, como se tirasse um pedaço e colocasse de volta e depois engolia.
Passei anos até entender que era uma brincadeira e que ele realmente só tinha
nove dedos. Mais uma semelhança com o presidente Lula, do qual painho era
grande admirador, torneiro mecânico igual a ele.
Esse montanhês se fascinava pelas histórias de
alguns conterrâneos de Premana que viajavam o mundo, na intenção de viver a
vida como missionários. Painho decidiu que viveria a causa jesuíta, inspirado
em Francisco de Assis, italiano que escolheu os animais e a simplicidade dos
campos, do sol e da lua. Escolheu o Brasil para ser sua casa e viajou 13 dias
em um grande navio até aportar no Rio de Janeiro. O dia era 18 de novembro de
1968. Imediatamente, ele foi enviado pelos seus superiores à Teresina, capital
do Piauí. Duas coisas o surpreenderam de pronto: o calor da cidade nordestina
(chegara no verão de um dos lugares mais quentes do Brasil) e o poder
massacrante da ditadura militar (no final daquele ano, iniciava-se o AI-5, Ato
Institucional nº 5, período mais sombrio do regime brasileiro).
Pouco mais de um ano em Teresina, painho pediu permissão aos seus superiores na
ordem jesuíta para viver uma experiência junto aos trabalhadores em São Paulo.
Queria viver como operário, pois lia sobre as lutas sindicais na grande capital
do país, e acompanhar de perto essa experiência entrou nos seus sonhos. A
obediência é a maior virtude de um jesuíta, tinha que obedecer à hierarquia da
ordem. Deixaram e ele foi. São Paulo mudou sua vida: desistiu de ser padre,
virou metalúrgico, se casou, lutou contra o regime opressor, foi preso e
torturado, teve três filhas.
Até que chegou uma surpreendente proposta de voltar
ao Nordeste. Carlúcio Castanha, amigo de amigos, precisava sair do Recife por
conta da perseguição que estava sofrendo pelo governo ditador de Pernambuco.
Ele era educador do Centro de Trabalho e Cultura (CTC) e painho assumiria seu lugar.
Mainha estava se formando assistente social e só aceitaria vir com trabalho
certo para ela também. Vieram! Painho voltava ao Nordeste 11 anos depois, com
uma família: Anaê recém-nascida, um mês de vida, mudança lotando o fusquinha e
ele, sozinho, pegando estrada de São Paulo a Recife. Mainha e nós três viemos
de avião.
De painho, são tantas as memórias. Às vezes
esparsas, soltas, perdidas, confundidas com a realidade. Às vezes, nítidas,
profundas, plenas, repletas de sonhos. Essas memórias, carrego hoje com
orgulho, junto com minhas irmãs, Sara e Anaê, meus filhos Makambi, Malaika,
Malakai e Aluandê e todas as netas e netos, viúva, familiares, amigas e amigos,
gente querida, admiradores, “discípulos”. Ele colecionou admiradoras e
admiradores que nem sabemos, no percurso do chão que pisou nesse planeta água
que nos acolhe. Neste dia 23 de janeiro de 2023, completaria 80 anos de idade,
oito décadas que viveu profundamente.
Uma lembrança de criança que eu, minhas irmãs e
nossos filhos e filhas temos é de vê-lo brincando de fazer mágica com o dedo
faltante, como se tirasse um pedaço e colocasse de volta e depois engolia.
Passei anos até entender que era uma brincadeira e que ele realmente só tinha
nove dedos. Mais uma semelhança com o presidente Lula, do qual painho era
grande admirador, torneiro mecânico igual a ele.
Esse montanhês se fascinava pelas histórias de
alguns conterrâneos de Premana que viajavam o mundo, na intenção de viver a
vida como missionários. Painho decidiu que viveria a causa jesuíta, inspirado
em Francisco de Assis, italiano que escolheu os animais e a simplicidade dos
campos, do sol e da lua. Escolheu o Brasil para ser sua casa e viajou 13 dias
em um grande navio até aportar no Rio de Janeiro. O dia era 18 de novembro de
1968. Imediatamente, ele foi enviado pelos seus superiores à Teresina, capital
do Piauí. Duas coisas o surpreenderam de pronto: o calor da cidade nordestina
(chegara no verão de um dos lugares mais quentes do Brasil) e o poder
massacrante da ditadura militar (no final daquele ano, iniciava-se o AI-5, Ato
Institucional nº 5, período mais sombrio do regime brasileiro).
Pouco mais de um ano em Teresina, painho pediu permissão aos seus superiores na
ordem jesuíta para viver uma experiência junto aos trabalhadores em São Paulo.
Queria viver como operário, pois lia sobre as lutas sindicais na grande capital
do país, e acompanhar de perto essa experiência entrou nos seus sonhos. A
obediência é a maior virtude de um jesuíta, tinha que obedecer à hierarquia da
ordem. Deixaram e ele foi. São Paulo mudou sua vida: desistiu de ser padre,
virou metalúrgico, se casou, lutou contra o regime opressor, foi preso e
torturado, teve três filhas.
Até que chegou uma surpreendente proposta de voltar
ao Nordeste. Carlúcio Castanha, amigo de amigos, precisava sair do Recife por
conta da perseguição que estava sofrendo pelo governo ditador de Pernambuco.
Ele era educador do Centro de Trabalho e Cultura (CTC) e painho assumiria seu
lugar. Mainha estava se formando assistente social e só aceitaria vir com
trabalho certo para ela também. Vieram! Painho voltava ao Nordeste 11 anos
depois, com uma família: Anaê recém-nascida, um mês de vida, mudança lotando o
fusquinha e ele, sozinho, pegando estrada de São Paulo a Recife. Mainha e nós
três viemos de avião.
De painho, são tantas as memórias. Às vezes
esparsas, soltas, perdidas, confundidas com a realidade. Às vezes, nítidas,
profundas, plenas, repletas de sonhos. Essas memórias, carrego hoje com
orgulho, junto com minhas irmãs, Sara e Anaê, meus filhos Makambi, Malaika,
Malakai e Aluandê e todas as netas e netos, viúva, familiares, amigas e amigos,
gente querida, admiradores, “discípulos”. Ele colecionou admiradoras e admiradores
que nem sabemos, no percurso do chão que pisou nesse planeta água que nos
acolhe. Neste dia 23 de janeiro de 2023, completaria 80 anos de idade, oito
décadas que viveu profundamente.
Escrevo esse relato com o coração apertado de uma
memória que sei que acontece diariamente com muitas mães e pais, especialmente
negros. Foi a dor de perder um filho assassinado e outro desaparecido que
transformou a tristeza de mainha em um câncer terminal avassalador. Ela se
encantou em março de 2010, após um mês internada na UTI do Hemope, quando
sequer sabíamos o que ela tinha. Painho entristeceu demais quando mainha virou estrela no céu. Seu coração se partiu. Das
tantas dores que ele sentiu na vida, foi um dos maiores abalos. Dessa tristeza,
nasceu um tumor que lhe levou a vida, 12 anos depois, no primeiro dia do mês de
julho de 2022.
Com minha mãe, aprendi a desenhar as tantas
histórias de vidas que ela viu, ouviu e viveu nos fios das palavras. Ela
transformava mundos inteiros no profundo dos sentimentos, dando cor, pintando,
tecendo. Mainha conseguia dançar nas palavras escritas com seu corpo em molejo.
Dava vida pelo poema de seus dedos e pelo sorriso escancarado de sua boca.
Painho foi um contador. Mainha uma cantadeira. Os dois das histórias. Ambos das
palavras. Em som e em letra. Em contação e em folha. Em vento e em toque.
Aprender sobre contar e versar com ele e ela é uma festa no coração pra mim.
Este – tão retalhado pela saudade – junta um tantinho os pedaços quando posso
fazer um pouco do que aprendi e continuo a aprender com os dois. Djanira e
Luis.
Depois que mainha virou estrela e passou a visitar
nossos dias como beija-flor, nasceram cinco netos e dois bisnetos. Painho
casou-se novamente com Missimere e ganhamos uma família ampliada. Ele achou a
alegria que o fez viver bem sua última década e partir em paz, quando viu que
estava na sua hora.
***
Em sua memória e homenagem, estamos inaugurando, na
ocasião do aniversário de 80 anos de seu nascimento, o Memorial Luis Tenderini,
na casa dos Trapeiros de Emaús, no bairro da Linha do Tiro, no Recife, onde
painho fez a opção de viver os últimos anos de sua vida, junto à comunidade que
ajudou a construir. A Associação dos Trapeiros de Emaús integra o Movimento
Emaús Internacional e realiza um trabalho de coleta e recuperação de objetos em
desuso, em oficinas de reparo e venda a preços acessíveis, em bazares
comunitários. Com seu trabalho, também mantém a Escola Luis Tenderini, que
oferece, gratuitamente, cursos profissionalizantes aos jovens da comunidade.
Tenderini, Luigi, Luis, painho se encantou com a serenidade e certeza da
missão cumprida. Pai, você é presente. Presente de tempo. Presente de regalo.
Obrigado, filha. Pai, não precisa agradecer. Eu que agradeço. Um pai e avô,
homem humano como você. Obrigada. Você é Presente. Toma o chá quentinho da
noite e durma bem. Sua bença, painho!
HELENA TENDERINI é antropóloga, artista, educadora, parteira, produtora
cultural e cuidadora. Tem mestrado em Antropologia e graduação em Licenciatura
em Educação Artística – Artes Cênicas. Poeta e artista, já publicou alguns
livros sobre plantas, cuidados, rezadeiras e parteiras. Criou o blog Kabaça em Flor e a página @lavra.kabacaemflor, onde publica
alguns de seus poemas e escritos. Vive em comunidade, com a família, no Sítio
Malokambo, em Tracunhaém (PE).
A vida a cores e em branco e
preto https://bit.ly/3Ye45TD
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