20 janeiro 2023

Minha opinião

Gangorra italiana

Luciano Siqueira

 

Torcedor equidistante — assim me caracteriza um amigo insatisfeito porque há muito tempo deixei de comparecer aos estádios —, acompanho o futebol pela TV.

Sobretudo grandes jogos de campeonatos europeus e uns poucos envolvendo grandes clubes brasileiros.

O campeonato pernambucano apenas me diverte: ligo a TV, que transmite o jogo ao vivo, tiro o som e acompanho a narração pelo rádio. 

Uma gigantesca discrepância entre o que se diz pelas ondas descobertas por Guglielmo Marconi e o que se vê na telinha da TV!

Narradores e comentaristas imaginam além da conta. E enquanto discorrem sobre supostas táticas adotadas pelos técnicos litigantes, vejo a imagem de uma verdadeira pelada, chutão para lá, chutão para cá.

Agora, o que critico frequentemente é a verdadeira gangorra na contratação de técnicos para nossos clubes, em todas as quatro divisões nacionais e durante campeonatos locais.

Bastam três derrotas ou cinco empates consecutivos, o treinador é dispensado e substituído por outro, constrangido à condição incômoda de milagreiro.

Não há no futebol brasileiro planejamento de longo prazo. 

Certa vez, vi o meio-campista Falcão dizer que quando a Roma o contratou a peso de ouro tinha um planejamento para 3 anos consecutivos. E foi justamente no terceiro ano envergando a camisa do grande clube italiano que conquistou a taça da concorrida série A.

Agora leio que no último fim de semana, na Itália, ocorreu surpreendente episódio envolvendo o técnico Davide Nicola e o Sarlenitana, clube mediano que disputa com os grandes.

Após perder de 8 a 2 para o Atalanta, o técnico foi demitido e — pasmem! — um dia após, readmitido.

É o que se chama gangorra relâmpago. 

O sai-e-volta deve ter levado em conta que o dito treinador é considerado em Salerno, terra do Sarlenitana, verdadeiro herói por haver comandado o time em sua ascensão à série A.

Agora, quando aqui se criticar a substituição de técnicos com a frequência com que se toma um cafezinho na esquina, alguém poderá contra argumentar: "Pior é na Itália!"

Quando menos se espera, acontece https://bit.ly/3Ye45TD

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