Os dogmas estão em desuso
Times alternam modo de jogar
até mesmo durante uma partida
Tostão/Folha
de S. Paulo
O futebol, do presente e do futuro, alterna a maneira de jogar,
a cada dia mais, entre uma partida e outra ou até em um mesmo jogo, de acordo
com o momento. Os dogmas e as repetições em excesso prejudicam a criatividade e
a capacidade de surpreender.
Na brilhante vitória do Barcelona sobre o Real
Madrid, por 3 a 1, na decisão da Supercopa da Espanha, o técnico
Xavi surpreendeu ao escalar um quarto jogador do meio-campo no lugar de um
ponta rápido e driblador, que esteve sempre presente em todos os outros jogos.
O time trocou mais passes, teve mais a bola e ficou mais agressivo e ofensivo.
O fato me lembra a eliminação do Brasil na Copa. Enquanto a Croácia tinha um trio no
meio-campo, Casemiro ficou sozinho no setor, já que a equipe atacava com dois
pontas abertos, Richarlison, Neymar e mais o meia Paquetá.
Há várias maneiras de organizar o meio-campo. Enquanto o
Fluminense, dirigido por Fernando Diniz, aproxima os jogadores para ficar com a
bola e envolver o adversário, o São Paulo, comandado por Rogério Ceni, tem
pressa de chegar ao gol, com tentativas de jogadas em velocidade, sem dar
certo. Rogério gosta mais da estratégia que da qualidade. Um time pode ter as
duas alternativas em um mesmo jogo.
Vítor Pereira, na estreia pelo Flamengo, mudou o posicionamento
do meio-campo. Em vez de ter um volante centralizado, um meio-campista de cada
lado e Arrascaeta na ponta do losango, próximo aos dois atacantes, o técnico
escalou dois jogadores no meio-campo, Arrascaeta pela esquerda e Éverton
Ribeiro pela direita. Os dois iam para o meio para construir as jogadas. Como
acontecia com Dorival Júnior, não há pontas abertos, que atacam e defendem, a
não ser quando entram Everton Cebolinha por um lado e Marinho pelo outro.
Vítor Pereira,
assim como Dorival Júnior, Tite e tantos treinadores espalhados pelo mundo,
adora a presença de dois pontas que atacam e defendem, mas, obviamente, sabe
que melhor que a estratégia é ter dois jogadores com grande talento, como
Éverton Ribeiro e Arrascaeta.
Atlético e
Corinthians têm dois técnicos recentemente contratados. O torcedor do Atlético,
antes de o time jogar, já está fascinado com Coudet, que gosta de times
intensos, aguerridos e de transição rápida. Daí a contratação de Edenílson, que,
em uma fração de segundo, sai de uma área à outra.
Já o Corinthians
tem um técnico novíssimo, Fernando Lázaro, que adquiriu grande conhecimento
científico durante o longo tempo em que foi analista de estatísticas e auxiliar
da comissão técnica do Corinthians e da seleção brasileira. Ao ver Fernando
Lázaro, me lembro do pai dele, Zé Maria, companheiro na seleção brasileira e
ídolo do Corinthians. Os dois se parecem, são tímidos, calmos, retraídos. Tudo
indica que serão também muito parecidos na enorme seriedade profissional.
O Palmeiras perdeu
dois titulares importantes, Danilo e Scarpa, excepcional nos cruzamentos. Há
bons reservas no elenco, como Raphael Veiga. O torcedor não deveria pressionar
e coagir a diretoria para contratar jogadores. Os clubes brasileiros, com
frequência, gastam demais e contratam mal.
Ainda é cedo para
analisar o jovem Endrick. Porém, fiquei preocupado com o posicionamento dele,
muito fixo, de costas para o gol e muito próximo aos zagueiros, como um
clássico centroavante. Ele vai precisar de mais espaço para usar a incrível
velocidade e o enorme talento.
Quando
menos se espera, acontece https://bit.ly/3Ye45TD
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