30 maio 2025

Editorial do 'Vermelho'

Genocídio contra o povo palestino precisa ser detido
Intensificação dos ataques de Benjamin Nethanyahu ao povo palestino, inclusive com fome generalizada, assemelha-se a outras tragédias históricas.
Editorial do 'Vermelho' www.vermelho.org.br

 

A luta contra o genocídio do povo palestino é uma causa da humanidade. Sob as ordens de Benjamin Nethanyahu, o Estado israelense passa por cima de tudo que julga obstáculo para promover um massacre que guarda semelhança com outras inomináveis tragédias históricas. O recente anúncio de 22 novos assentamentos na Cisjordânia, de pronto condenado pela Autoridade Palestina e pelo Hamas, eleva ainda mais a tensão e reforça o repúdio ao genocídio e a defesa do Estado palestino.

Na Cisjordânia, Nethanyahu também promove aumento de roubo de terras palestinas e limpeza étnica. Essa expansão dos assentamentos será a maior desde os Acordos de Oslo, de 1993, que iniciaram as negociações sobre a criação de dois Estados e acirrará o “ciclo de violência e instabilidade”, conforme avaliação de Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. “Este governo israelense extremista está tentando por todos os meios impedir o estabelecimento de um Estado palestino independente”, disse.

A expansão afronta também a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ), o principal tribunal das Nações Unidas, que, em julho do ano passado, considerou os assentamentos de Israel na Cisjordânia e a presença israelense em Jerusalém Oriental ocupações ilegais. Seu anúncio ocorre logo após o embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, bater na mesa e chorar em discurso no Conselho de Segurança ao falar da matança de crianças palestinas.

Ao citar o caso da médica Alaa al-Najjar, que teve nove filhos mortos, ele disse: “É um horror que a mente não compreende, que o coração não suporta.” As crianças tinham entre sete meses e doze anos de idade. Segundo o embaixador, desde a retomada da ofensiva israelense em Gaza mais de 1.300 crianças palestinas foram mortas e cerca de 4 mil ficaram feridas. “São crianças. Crianças… Crianças!”, repetiu. “Dezenas de crianças estão morrendo de fome. Há imagens de mães abraçando os corpos dos filhos, acariciando os cabelos deles e pedindo desculpas”, lamentou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o assassinato das crianças foi um ato “vergonhoso e covarde”, resultado de uma agressão para “privar os palestinos das condições mínimas de vida com vistas a expulsá-los de seu legítimo território”. O embaixador apelou por medidas que contenham a matança das crianças. “Sei o que elas significam para suas famílias”, disse. “Ver isso acontecer com os palestinos, e ninguém fazer nada, é insuportável.”

A crueldades de Nethanyahu, envolvido em numerosas acusações de corrupção e expoente da extrema-direita israelense, defensora da anexação da Cisjordânia e de Gaza, chegou ao ponto de rejeitar, publicamente, os alertas de fome generalizada após bloquear as entregas de alimentos e combustível aos palestinos. As imagens do drama da fome em Gaza percorrem o mundo. O governo israelense usa a fome como arma de guerra para forçar a saída dos palestinos de suas terras em busca de alimentos e abrir caminho para a ocupação.

É mais uma ação que afronta a humanidade, que, a duras penas, ergueu os pilares do direito internacional e da universalização do respeito aos direitos humanos. Não se pode afastar dessas atitudes a responsabilidade dos Estados Unidos, que abastece com armamentos sofisticados e outros apoios bilionários o Estado israelense, histórica ponta de lança dos seus interesses na região.

Com esses apoios, o belicismo israelense também agrediu o Líbano para atacar o grupo Hezbollah, numa soma de ações criminosas, classificada por Nethanyahu de “nova etapa da guerra”. Foi, na verdade, uma tentativa de reverter o desgaste de sua imagem diante do fracasso das promessas de rapidamente exterminar o Hamas e libertar os reféns de 7 de outubro de 2023.

Ele perde apoio interno e internacional, ao passo que cresce em todo o mundo o repúdio de governos, de intelectuais e de democratas ao genocídio. É preciso intensificar as denúncias dos crimes de Nethanyahu e a pressão por ações para deter a mão assassina do Estado de Israel. A defesa do direito internacional e do respeito aos mais básicos princípios humanitários, diante dos crimes contra o povo palestino, se impõe como prioridade das forças democráticas em todo o mundo.

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Leia: A saga palestina
https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/12/a-saga-palestina-7.html

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